29 dezembro 2005

podia

fazer um balanço do ano que passou. Mas, ando a combater o meu lado nostálgico. E 2005 foi um ano cheio de situações surpreendentes, como foi a criação deste blog.

19 dezembro 2005

desta vez

não me falta a inspiração. Falta-me tempo.
No fim de semana ainda pensei, vou ali num pulinho blogar. Mas só de pensar em computadores fiquei logo cansada. Até porque fim de semana é sinónimo de família. E nada de coisas que me façam lembrar a semana.
E estas têm sido bem carregadinhas.....

09 dezembro 2005

Dia

sem ponte, a não ser a do Vasco.
Dia cheio de coisas, coisinhas e afins para fazer.
Sem tempo para escolher as palavras para aqui.
Stop

06 dezembro 2005

Compras de Natal

Ainda faltam as piores....aquelas que se querem especiais e que não se sabe o que dar....
Mána, já comprei a tua...:D

Dias

atarefados. Com as pressas de última hora de quem manda. Ainda bem, finalmente as coisas estão a ficar visíveis...
A sala de trabalho começa a ficar composta..à tarde vem mais gente. Há que formar e esperar por mais (gente)...

02 dezembro 2005

Hora

de almoço no CC Colombo. Espreitei a prenda para dar à Carolina. Espreitei e fiquei na mesma. Para o pai da dita tenho tantas ideias....assim haja euros que me acompanhem....Por outro lado há um presente que posso dar já, que é um pedido de desculpas.

Olha para mim

Olha para mim
Solta uma gargalhada.
Olha para mim.
Corre num deserto de alcatrão.
Olha para mim.

Brinca com os dedos.
Numa nuvem isolada.
Estica os pensamentos.
Numa rua alagada

De gente
De indiferença
de solidão
de descrença

Solta um sorriso
Olha para mim
Sente a luz
Olha para mim

de novo
só mais uma vez
nesta cidade
em que morro

e vivo todos os dias
porque me vês.

30 novembro 2005

Bem...

eu tenho realmente 32......pronto, dava para grandes comentários e isso, mas não me apetece...

You Are 32 Years Old

Under 12: You are a kid at heart. You still have an optimistic life view - and you look at the world with awe.

13-19: You are a teenager at heart. You question authority and are still trying to find your place in this world.

20-29: You are a twentysomething at heart. You feel excited about what's to come... love, work, and new experiences.

30-39: You are a thirtysomething at heart. You've had a taste of success and true love, but you want more!

40+: You are a mature adult. You've been through most of the ups and downs of life already. Now you get to sit back and relax.

bacalhau

à brás com água foi o almoço. O bacalhau estava tão seco e "unidos venceremos" que quando espetei o garfo, veio tudo o que estava no prato, redondo, espalmado...parecia uma base para tachos. Não se deve aquecer bacalhau no micro-ondas.
Resultado: não fiquei melhor. Continuo virada do avesso...

coisinhas minhas

eu sei que não sou a melhor das pessoas. Mas hoje acordei com uma vontade de não aturar ninguém que até a mim me mete impressão...
até as choraminguices dela me enervavam hoje de manhã.
no pequeno almoço as conversas de sempre. Não tenho pachorra para a intriga e o diz-que-disse, não tenho mesmo.
E para ver se me passa, hoje ao almoço vou comer bitoque com coca-cola e um café.

Porque sou assim

Porque este blog também é assim...



Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar

Só por ter dois sóis
Só por hesitar
Fiz a cama na encruzilhada
E chamei casa a esse lugar

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não têm chão
E as mãos perdem a razão

Só por inventar
Só por destruir
Tenho as chaves do céu e do inferno
E deixo o tempo decidir

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não têm chão
E as mãos perdem a razão

Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar
Eu sei que nenhuma vai ganhar
O meu amor tem lábios de silêncio
E mãos de bailarina
E voa como o vento
E abraça-me onde a solidão termina

O meu amor tem trinta mil cavalos
A galopar no peito
E um sorriso só dele
Que nasce quando a seu lado eu me deito

O meu amor ensinou-me a chegar
Sedento de ternura
Sarou as minhas feridas
E pôs-me a salvo para além da loucura.

O meu amor ensinou-me a partir
Nalguma noite triste
Mas antes, ensinou-me
A não esquecer que o meu amor existe.

(Jorge Palma)

25 novembro 2005

Faz de conta que isto não é um post

Muito baixinho e devagarinho, e faz de conta que isto não é um post
(não me ia perdoar...)

O Pintor vai mostrar as novas obras, Ricardo Passos é o nome do pintor, Mater é o nome da exposição.
Amanhã dia 26 de Novembro vai ser a inauguração da exposição na Galeria Municipal do Castelo de Pirescouxe, Sta. Iria de Azóia. Vai estar patente ao público até dia 17 de Dezembro. Venham ver. Venham ver!





Como chegar lá:

21 novembro 2005

Adenda

Depois de ler alguns comentários, resolvi colocar só mais este post.
O título do post anterior já diz a razão: porque sim....como sei que é uma resposta enervante, passo a explicar:

Escrevi desde sempre. Desde que soube escrever. Este blog foi criado numa altura em que sentia que precisava escrever sobre algumas dores e cores. Acabou por ser só quase das dores e com poucas cores. Comecei a perceber que muitas vezes as dores que escrevia aqui eram interpretadas por alguns como grandes problemas. E não o eram. Comecei a pensar que raio de pessoa estava a mostrar. Eu não sou aquela do blog, pensava. Depois, com o tempo, fui subvertendo o espírito inicial do blog. Já não queria escrever as minhas dores por saber quem me lia. Para não dar ideias de depressões e afins. Para não me expôr em demasia.
O blog tal como está já não faz muito sentido. Ou era um fiel depositário de pensamentos e sentimentos anónimos ou era um diário. Parece que sozinho, o blog, tomou novos rumos, novas vidas. Não me parece bem que este blog tenha ganho vida própria à revelia da dona. Por isso fico por aqui.
Não digo que não volte a blogar (desta vez sem divulgar muito...) ou melhor, quem sabe se já não tenho um outro perdido por aí para além deste da Carocas, claro!
Este já não vai para a frente.
Muito obrigada a quem me leu...
Vou deixar aqui uma lista de outros blogs que leio. Vou passando para actualizar essa lista de gente que vale a pena ler. o meu blog acho que não valia a pena ser lido.

Porque sim

Vou continuar com as minhas dores e cores. Mas desta vez só para mim. Não as vou partilhar com mais ninguém. Ou quem sabe até vou. Num outro blog, num outro formato. Mais incógnita. Ainda não sei.

Porque já não faz sentido. Este é o último post.

18 novembro 2005

Música na minha cabeça

A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
Até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia
"ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste

A noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo dormias lá no fundo
faltou-me o pé senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águas
e então falámos
e então dissemos
aqui vivemos muitos anos

A noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
cheguei-me a ti disse baixinho "olá",
toquei-te no ombro e a marca ficou lá
o sol inteiro caiu entre os montes
e então olhaste
depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste"

(Sérgio Godinho - A Noite Passada - In Pré-Histórias, 1972)

17 novembro 2005

eu tenho coisas...

Há por aí blogs que nem sei. Há gente que se acha muito cool, muito acima da média, muito diferente. Depois, vê-se que adoram criticar os outros, ou pela roupa que vestem ou por palavras que foram escritas. Há gente que se acha dona da verdade absoluta e na ânsia de ser diferente, especial e "intelectual da bugalhinha" tornam-se as piores das pessoas: intolerantes e cheias de preconceitos. Escrevem o que querem no blog que é só seu, e claro que têm esse direito, ora bolas, só lê quem quer. Por outro lado têm que ler alguns comentários menos agradáveis e ficam aborrecidas quando não são só amens. Lá está: quem anda à chuva molha-se.....Tenho por norma não fazer comentários desagradáveis. Penso apenas: esta gaija é mesmo parva e vou à minha vida. Descobri agora que sou masoquista e que muitas vezes vou lá espreitar aquela gaija parva....eu tenho coisas que valha-me deus.

( Até podia fazer uns links por outros, mas como acho que cada um tem o direito de blogar à vontade.... Deixá-las estar. )

Gosto

de estar a trabalhar aqui. Há cerca de 3 anos que não me sentia assim. Motivada. Com ganas. Hoje ouvi uma coisa que me soube tão bem...Sei que aceitei um desafio. Um bom desafio. Sei que vou ter dificuldades das grandes. Muitos entraves, já me avisaram. Já me disseram que não é comigo, mas com quem manda mais, que gostam de mim.
E hoje quem manda chamou-me, não para me dar mais trabalho, mas para me dar conforto e incentivos. E fiquei sem graça, sem jeito.
Podem não acreditar, mas ao fim de três anos de vida profissional a desandar...soube bem! As minhas eternas inseguranças, os meus medos não desaparecem, mas levam um valente chega para lá. E sabem que mais: estou feliz.

(vivam as cores da vida, mesmo neste dia frio e cinzento....)

Em Roma....

You Belong in Rome

You're a big city girl with a small town heart
Which is why you're attracted to the romance of Rome
Strolling down picture perfect streets, cappuccino in hand
And gorgeous Italian men - could life get any better?

16 novembro 2005

Desabafo caseiro

Gosto da minha casa e do sítio onde moro. Quando estive desempregada gastei muita saliva a dizer que aquilo era uma pasmaceira. E era, relamente. É uma aldeia, com uma única mercearia e com muitos cafés para a população residente.
A minha casa é longe do meu emprego, da casa dos meus país e da casa dos meus sogros. Todos os dias faço a ponte Vasco da Gama. Todos os dias pago 2 € de portagem. A minha filha fica com a minha mãe, torna-se muito cansativo e perde-se muito tempo. Razões que nos levaram a pensar trocar de casa. Encontrámos uma, perto dos meus país, mais velha que a minha, mais cara e mais feia. As áreas são melhores e o que torna a casa feia é disfarçado com obras de pouca monta.
Tenho pena de mudar. Onde moro há campo, há rebanhos, há relva, há pássaros (para além dos pombos) há calma, muita. Era o sítio ideal para a Carocas brincar. Tem espaço.
Mas fazendo as contas, não sei se compensa o dinheiro em gasolina, portagens e desgaste de carro e claro, o tempo, as horas. Porque só ao fim-de-semana é que estamos em casa (quando estamos). Não usufruímos da casa, nem do sítio. De semana chegamos sempre perto das 8 da noite. Acabo por não estar com a minha filha tempo nenhum de qualidade. Na outra possível casa, demoro 15 minutos a chegar ao emprego. Agora, levanto-me às 6:45 e chego ao emprego sempre depois das 9.
Vou ter saudades da minha casa, se mudar. Vou ter saudades dos vizinhos. Mas se calhar tenho o meu dia-a-dia facilitado e mais umas horinhas de filha só para mim.

14 novembro 2005

Passei

o fim de semana em casa. Internada. A ver se curávamos as constipações, fruto da época. Fiquei contente: eu e a filha estamos quase boas. Agora está o pai a tossir. Já há rachas na parede devido aos ataques de tosse.
Por falar em fruto da época, comprei castanhas para nós os 2. Acabei por comê-las só eu. Aprendi que não sei fazer castanhas assadas no micro-ondas, e que apesar da gravidez, os meus dentes são rijos que se fartam. Aprendi que as castanhas cozidas ficam boas com: erva doce, pau de canela, sal e açucar (água também convém).
Fiquei contente: consegui arrumar a roupa de verão e pôr a uso a de Inverno.
A minha filha está quase a falar.

Podia dizer

que estou com humor de cão. Mas isso já toda gente sabe, é segunda-feira

Podia dizer

que está frio. Mas isso já toda a gente sabe ou sentiu.

11 novembro 2005

As castanhas

estão caras...5 € o kg....pelo amor da santa

Tenho

que cortar o cabelo. Está estupidamente comprido. E tenho que voltar a ser loira...é que dá mesmo jeito. Agora estou loira só nas pontas. E às vezes nem isso, porque o cabelo não tem ponta por onde se pegue. Desconfio eu que se voltar à loirice me dão menos trabalho. Acaba por ser um investimento duplo, este. Depois quero ver ao pormenor as fotos da nova princesa espanhola. Só no cabeleireiro (ou no dentista, mas esse não me corta o cabelo). Preciso mesmo deste investimento duplo.

09 novembro 2005

Racismo

Hoje no meu cafézinho da manhã (já está instituído e já vou com as colegas num instantinho ao café), dizia eu, então que a conversa de hoje foi sobre o racismo. Ou melhor foi racista. Foi o racismo.
Fiquei a saber os "pretos" são do pior que há. Que os que vivem em Portugal têm muitos filhos porque vão-se vingar dos portugueses: "Um dia vai ser tudo nosso e aí é que eles vão ver". Esta frase foi ouvida por uma colega a uma médica doutoura para outra médica num Hospital. Que as "pretas" são umas calonas, que não limpam nada. Que se algum dia tiverem uma empresa, ou mesmo, uma mulher-a-dias nunca pode ser uma "preta": são porcas e calonas.
Um dia isto vai ser deles. "Eles" são do piorio. "Eles" vão mandar aqui.
Quatro mulheres casadas, todas mães de filhos grandes. Filhos que concordam com elas. Quatro mulheres com a mesma opinião. Quatro mulheres que um "não se pode generalizar" dito entre dentes, foi como um insulto. Ou muito me engano ou este foi o meu último cafezinho entre colegas. Não consigo. Porque não posso nem devo entrar em conflito. E para elas uma opinião contrária é entrar em conflito. Porque não consigo estar bem comigo mesma se não responder.
Porque há gente assim, "eles" um dia merecem ter a sua vingança.

08 novembro 2005

O Sorriso

Sabes, nem sempre é bom sorrir.
às vezes o sorriso revela a patetice do nosso coração.

Sabes, nem sempre é bom sorrir
Quando sorrimos as mágoas escondidas
Quando brincamos com os lábios
Quando trincamos pensamentos doridos

Sabes, nem sempre é bom sorrir
Porque esconde tantas vezes a nossa vergonha
Porque conta mentiras profundas
Porque revela faces ocultas

Sabes, nem sempre é bom sorrir
Se esse sorriso mente os nossos olhos
se esse sorriso oculta o nosso coração
Se esse sorriso só nos esconde

Mas, sabes, às vezes é preciso sorrir.
Mesmo que não sejamos nós
Mesmo que seja para esconder
a mágoa e a dor
a raiva e a impotência
a traição e a mentira
o desalento e a desilusão

Sabes quando é preciso sorrir nem sempre é bom. Mas é sempre melhor que chorar.

counting

Ou estão dar graxa ao cágado ou eu tenho mesmo cara de miúda. Hoje a idade máxima foi 26....Eu opto pela primeira opção. Que as noites mal dormidas refletem-se muito nas eternas olheiras e nos olhos de carneiro mal morto.

07 novembro 2005

Bebida e Comida

Hoje chego ao trabalho e vou ler o blog. Leio comentários alusivos a bebidas alcoolicas num determinado almoço.
Ora bem, este almoço de negócios, passou para sexta-feira passada. Ora pois que foi um "welcome lunch" muito amistoso e pago pelo Boss. Houve espaço para brindes, sobremesa m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a de chocolate. Houve massagem ao ego...o que dá sempre uma sensação de leveza no final das refeições. Daí o meu bom humor. Foi da massagem ao ego, e não do vinho tinto (poderoso) que serviu de acompanhamento ao bacalhau. Por isso é que me ri muito à tarde. Por causa da massagem ao ego. Mai nada. E depois ainda há gente que me diz que estava muito contente, muito alegre por causa do vinho. A senhora que partilha a sala comigo é que ficou de orelha no ar por me ver chegar às 15:30.....

03 novembro 2005

Estou para aqui

a trabalhar e a fazer dieta. E há alguém que só me manda guloseimas por mail. Esse alguém tem maldade, ruindade no corpo, olaré se tem.

I

Calçou os sapatos a correr e fechou a porta silenciosamente. Já era de manhã para ela, ainda não era para muita gente. A noite ainda estava presente. Para ela já era dia, sem o ser. Entrou no carro. Fez-se à estrada.

Na portagem a mesma pessoa. Nunca soube porque não tratava da via verde. Também não interessava: sempre falava com alguém. Sempre havia um bom dia e boa viagem. Parou na estação de serviço da auto-estrada. Era lá que bebia o seu café. Em jejum. Com as ideias ainda em jejum. Bom dia era uma bica. O segundo bom dia de hoje.
Para beber o café tinha que ser ali: os cafés do bairro e do emprego ainda estavam fechados àquelas horas.
Mais uma vez entra no carro e corre a estrada.

Chegou ao emprego. Um prédio de escritórios. Muitos. Entra e não vê o segurança. Mas que raio, onde se terá metido o Cândido? Não é muito normal. Espera pelo elevador. Espera. Continua à espera. No visor dos pisos mostra o número 7. Continua no 7. Há tempo de mais que está no 7. E o Cândido? Se ele aqui estivesse poderia dizer: mas que raio se passa com o elevador?
Resolve subir as escadas. É a ela que lhe cabe abrir a porta, ligar as luzes, preparar tudo para a chegada dos funcionários. Era desta que ia emagrecer. Subir até ao 10º andar iria dar para matar as calorias intrusas. Abre a porta de segurança e sobe, sobe. Vem-lhe à cabeça: Sobe a calçada, Luísa, Sobe a Calçada. Sorri. Pensa: tenho que deixar de fumar. Sorri. Pensa: Se alguém da empresa sonha que eu sei poesia tem uma coisa má. Sorri: saberá alguém lá da empresa poesia? São muito ocupados para isso. Muito gestores e doutores para isso.
Finalmente chegou ao piso dos escritórios. As luzes do piso estão acesas. Estranho. A porta do escritório fechada, mas lá dentro alguns gabinetes têm as luzes ainda, ou será já, acesas. Estranho. Faz a ronda: apaga o que tem a apagar, liga o que tem a ligar.
Senta-se no seu posto de trabalho. É mesmo à entrada, misto de telefonista/recepcionista, mas acima de tudo transparente para os gestores e doutores.
Lembra-se de ligar para o Cândido. Não atende. Estranho. Lembra-se de ir ao elevador verificar se ainda está preso no 7º piso. Confere: está preso no 7º piso.
Resolve ir lá abaixo. São poucos os lances de escadas.
As luzes estão acesas e consegue ver parte da porta do elevador: está aberta. Avariado, com certeza, avariado. Dirige-se para a porta, e à medida que vai andando sente as botas escorregarem. Mas que raio? Onde está o Cândido? Olha para a porta do elevador, o olhar descai até o chão. Afinal ali estava o Cândido. Deitado no chão, envolto numa poça de sangue e a porta do elevador a bater no ombro. Abria e fechava e batia no ombro. Pensou: mas que raio?


(continua....)

Imagens Reais ou não.....


02 novembro 2005

O Blog

fez ponte. Porque o blog também tem direito a fazer ponte.
Eu é que não. Já não consigo....velha, é o que é.
Mas fiquei feliz porque ainda não me dão 30 anos. Também se me dessem eu não os queria para nada. Ok, disseram: "no máximo para aí uns 28...."O que não é mau. Os 4 restantes ficaram guardados para os dias em que não tenho tempo para pôr base.

28 outubro 2005

Os meus pais

Os meus pais são os melhores do mundo. Não sei se algum dia lhes escrevi esta frase, mas decididamente, que ao longo destes 32 anos de dias dos pais e mães que, nalgum desenho, lhes dediquei a frase batida, adaptada para o singular.
Têm aturado tanto aqui da filha mais velha que nem sei. Mas sempre estiveram lá. Sempre. Claro que têm coisas que me exasperam. E ainda bem. Como a minha filha não veio com livro de instruções, calculo que nos idos anos 70, também não existisse tal coisa. Daí que tenham cometido erros. Daí que os tenham corrigido. A vida deles também não tem sido nada fácil. Mas acima de tudo são os melhores do mundo.
Espero um dia poder ser assim para a Carocas.

(tá bem um dia vai haver um post para cada um...merecem)

A faca

Estive a reler textos antigos deste bloguito. Tantas dores expressas. Foi criado numa altura estranha da minha vida: altura de questionar tudo. Surpresas desagradáveis, muitas. Depois, assim sem mais, as coisas foram se recompondo. Resolvi arrumar uns assuntos e de repente surge um convite para trabalhar naquilo que sei fazer menos mal. Passado uns anos, o meu ego teve um abanão, e resolveu de novo aparecer.
Realmente a vida é tramada, quando menos se espera, dá-nos uns presentes bons. Desagradável é quando ficamos à espera desses presentes.
Claro que acredito na frase feita que as dores da vida nos fazem crescer. Claro que sim. E que nos fazem progredir, aprender e tudo isso. Mas, prefiro aplicar aquilo que uma vez li num blog e que “roubei” para mim, as dores da vida são como uma faca. Depende do sítio onde se pega.

(não posso fazer jus ao dono(a) da frase porque decididamente não me lembro onde a li. As minhas desculpas)

27 outubro 2005

Almoço

de negócios. Espero que à borla.

Manhã

de chuva. Passada na repartição de finanças. Início de actividade. Por acaso a senhora era muito prestável e explicou tudo tim por tim. Afinal a Função Pública não é só constituída por gente incompetente, como tantas vezes nos querem fazer parecer. Só não gostei porque não sou apreciadora de IRS, IVA, percentagens e afins. Não me dou lá muito bem com os números. Mas um bem haja para a senhora loira com a ponta das unhas pintadas de azul. Modernices das nails-qualquer-coisa que andam por aí.

26 outubro 2005

Obrigada

Este não é um texto lamechas.

Era só para agradecer estares ao meu lado. Sem estares. Mas eu sei que se quiser, se precisar e se puder, tu lá estarás. Para sempre. Como devem ser as relações. Como devem ser os amigos.
Sem grandes pedidos. Sem grandes justificações. Sem grandes coisas e só para sempre.
Obrigada por me teres ensinado tanta coisa. Obrigada por me teres emprestado o ombro. Obrigada.

25 outubro 2005

Desculpas

é o mínimo que posso pedir por esta ausência prolongada. Bem sei que as duas pessoas que aqui veem sempre podem telefonar. Mas ainda assim: as minhas sentidas desculpas.
Desculpas também encontrei algumas: estive com a minha filha e só com ela. Sem tempo e espaço para blogs.
Agora voltei e em Novembro volta comigo este blog todos os dias.

bonito serviço

este. Comecei ontem. Aqui nestas novas funções. Hoje assinei contrato, feito gente. Teve direito a elogios pelo trabalho desempenhado noutros tempos noutros lugares. Soube bem. Massagem ao ego (que estava muito em baixo em baixo).
Ainda não sei como vai ser o meu trabalho. Estou temporariamente destacada a fazer uma coisa que não gosto mesmo nada. Hoje finalmente terminei. Quem sabe se amanhã já vou pôr as mãos na massa.
Bonito serviço, o meu serviço.

19 outubro 2005

e se

tivessem a casa da frente ocupada por muita gente? Tanta que nem se sabe quantos são?
E se esses novos vizinhos ouvissem à tarde música pimba brasileira?
E se esses vizinhos cantassem (mal muito mal) essa música pimba?

O que vale é que os quartos não dão para o mesmo lado. Senão não se dormia. Como a vizinha de baixo. Coitada.

(por isso não há letras que cheguem às pontas dos dedos para blogs)

Gestão

Nunca mais pensei nisso.
Nunca mais deixei que essas nuvens viessem na minha direcção. Tu já não tens essa importância. Apenas faço a gestão dos meus dias. E tu estás lá como um item ao qual se faz um check point. Já está.
Não me dás arrepios e eu não deixo que me dês dores de barriga.
Por isso estou bem. Nunca mais pensei nisso.

13 outubro 2005

Quero

Chocolate

Basta, Bastava Bastou

Bastava uma hora que fosse.
Bastava um minuto inteiro.
Bastava um sorriso terno.
Bastava.

Chegava só uma carícia
Chegava só uma canção
Chegava só uma flor.
Chegava e Bastava

Mas agora não.
Agora nada basta
Agora nada chega

Chegou a hora
Chegou a altura
Chegou o tempo
Chegou.

E eu que me bastava com tanto e tão pouco
E a mim, que me chegava quase nada
E eu finalmente percebi que a ti apenas basta chegar.

Continuo

à espera.

06 outubro 2005

PARABÉNS


A Mana hoje faz anos.

Vamos passear juntas: a mana, a mãe, eu e a Carocas. As gajas juntas. Vai ser bom.

PARABÉNS, mana!

An(d)a (G)rita: Estás de Parabéns....

Boa Nova

esta que tenho para vos dar:

Já mudei de emprego. Ou melhor já não estou no que estava. Deixei a Fundação para trás. A Gestão nunca foi o meu forte....e a Ciência e Tecnologia ainda está à espera do tal choque....que não vem.
Agora estou relamente between jobs....à espera que me chamem para um outro....mas entretanto sou mãe a tempo inteiro. É muito mais cansantivo, mas é mil vezes mais compensador (monetariamente a minha patroa é um bocado agarrada...enfim lá vem de quando em vez com uma fralda com um presente, mas tirando isso....) por isso o outro blog vai sendo actualizado com mais frequência....agora a vida é mais para o outro.

27 setembro 2005

PP

Prima Paula. Esta Prima eu conheço desde sempre. Quase irmã. É a mulher do pintor.
Tem muitos talentos. Muitos deles esquecidos, mas um dos mais evidentes é estar a criar dois miúdos porreiros. O primeiro deles aturei algumas birras, mudei algumas (muito poucas) fraldas. Já é um puto grande, com ideias de fazer piercings e estudar longe de casa. Em Lisboa. A independência está a caminho.
A miúda já é outra história. A minha vida mudou, e não pude aturar tantas birras. Mas falávamos muito pelo telefone, até ela querer. De repente deixou de querer e nunca mais lhe ouvi a voz.
A Prima P (ou PP) é que me aturou muito. Coitada. Temos 10 anos de diferença. 10 anos esses, que já lhe davam autoridade para me mudar fraldas. Marcou-me para sempre com um sinal. Assinalou a sua presença, sim porque na altura a Dodot ainda não existia, e fraldas eram mesmo as de pano e eram presas com os famosos alfinetes.
A PP foi acompanhando a minha vida. Tanto assim é que tem consentimento para ser “tia” da Carocas – não é para todos que a minha irmã é uma fera. E eu lembro-me das férias com ela. E eu lembro-me de todas as vontades serem feitas aqui à menina. Lembro-me de passar tardes de Verão no Tété a lanchar umas sandes de queijo feitas pela PP e a ver o Verão Azul. Lembro-me das férias no sul de Espanha. As minhas infinitas birras para ela me ler “Os Cinco”. Como ainda não sabia ler, era ela que me relatava as aventuras. Na altura eu gostava mesmo era que ela lesse. Claro que também gostava dos Cinco. Porque tinha um pavor de cães, o Tim, sim o cão dos Cinco, era uma bola de futebol dentro de um saco de plástico e com um cordel atado. Era o meu cão. Nas férias em Espanha, o Tim tinha à porta de casa uma tijela com água. É que os verões eram quentes.
Depois a PP começou a namorar, na idade que as miúdas começam a namorar. Eu a fingir que via um livro e ouvi a novidade contada por meias palavras a outra prima amiga. Perguntei. Fizeram-me jurar que não contava a ninguém, e a contar só a alguém de extrema confiança. Eu jurei, eu prometi.
Para mim uma pessoa de extrema confiança é decididamente a minha avó (tia da PP). E claro que lhe contei logo. Mais tarde percebi porque é que ela era a última pessoa a que deveria contar e porque é que era conhecida na família como a “capitão”. Para mim era a minha avó e bem boa por acaso, fazia-me as vontades e as frases começavam sempre: “mas se a menina....”, normalmente seguida de um quer/gosta/tem. Hoje oiço essa frase da boca de outros avós....e percebo os nervos da minha mãe.
A PP passou pelas suas fases. Muito gozadas pela minha mãe (prima mais velha). Aliás PP assentava-lhe como uma luva nos idos anos 80. Agora já não. Já é uma quarentinha. Já sabe da vida.
A PP é a minha prima, e a minha irmã. Levava-me de férias mais tarde com o namorado. Pintou-me t-shirts, estampava tecidos (mãos de ouro aquelas...fazem tudo), fazia-me os trabalhos de casa da disciplina de trabalhos manuais, dava explicações de matemática. Aturava-me até à exaustão. Agora, todos os fins de tarde atura a minha filha. Com uma paciência infindável. Este ano não lhe dei os parabéns no dia dela. Desculpa. Mas obrigada PP, e já agora obrigada pelo anel da Carocas e pelas vezes que abdicaste da tua cama e ias dormir num colchão no chão porque a menina tinha que dormir bem.

(um dia vai haver um post só para o anel.
O pintor sei eu que chora, será que a PP também?)

Ausência





Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen





Sophia de Mello Breyner, por Arpad Szenes

22 setembro 2005

Agora

as autárquicas depois as presidenciais....e eu já tenho um globo terrestre para escolher um país para emigrar.

Autarquicas II



Eu gosto muito das campanhas eleitorais. Gosto muito dos tempos de antena. O relógiozinho no canto superior direito dá-me adrenalina, e penso: ai que o senhor não vai acabar o discurso.... faltam 3, 2, 1 e acabou.
Gosto. Pronto. E adoro as terras nestas alturas: muita obra, muito passeio a ser recuperado, muita placa amarela com a palavra Desvio.
Mas nada melhor que os outdoors...as caras, as cores...enfim. E agora descobri isto. Vale a pena ver estas pérolas do Portugal no seu melhor.

Autárquicas I

A Fátima Felgueiras voltou. Não sei se foi apanhada ou se se entregou. Não fica presa preventivamente. Vai concorrer à Câmara Municipal. E parece que está tudo bem.
O Isaltino não tem apoio do PSD, o Valentim também não. Os dois têm processos em tribunal a aguardar julgamento. Concorrem para fazer mais pelos seus ricos concelhos.
Estão a ver estas pessoas? altruístas....meu deus, coitadas. Sacrificam assim as vidas, expõem-se assim, só porque sabem que as suas terras não podem sobreviver sem eles. E estão empenhados pela causa pública. Coitados. Tanto sacrifício, tanta coisa contra. Vítimas dos seus próprios irmãos. Não sei porquê só me vem à boca esta frase: sede de poder....não sei porquê. Taditos.

21 setembro 2005

Mai nada

E vistas as coisas desta forma parece simples, não é?

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens...que ser assim?...

Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

by António Variações

Mudar

de casa.
de emprego.
de corte de cabelo.
Ah pois é!

Ainda

estou à espera deste DVD. Um filme referência da minha juventude ...


(ó pai da Carolina....é preciso ser mais explicita????)

Dor dos outros

Li algures que o Helder era um rapaz que morava em Setúbal e estudava em Lisboa. Foi em Maio. Esperou que a mãe saísse e premiu o gatilho. Deixou a sua despedida aqui.
Parece haver alturas que não dá mais. Mas quem se suicida, será que quer mesmo a morte, ou quer OUTRA VIDA?
Há dias de desespero. Por aquilo que se lê foram apenas dias, não semanas, não meses, não anos. E penso: será que ao escrever para a blogosfera não terá sido um pedido de ajuda? Só que ninguém respondeu.
Há ainda (e sempre) muitos jovens a morrer por amor e/ou de amor. Há dores que por serem novas e tão vividas parecem insuportáveis, intrasponíveis. Fiquei sem palavras.

19 setembro 2005

Tudo e tanto

Tanto para dizer, mas a não poder.
Falar por meias palavras é uma característica inerente à mulher, segundo o manual dos manueis, que é como quem diz, dos homens.
Vamos ver se eu me contenho eu não digo para aqui todas as minhas ansiedades.....
Só que é amanhã, à tarde, e quem sabe se a minha vida vai mudar...outra vez...

15 setembro 2005

Para uma amiga

Estávamos a falar no MSN e lembrei-me de escrever isto:


São os teus abraços que me deixam quente
São os teus braços que me machucam de ternura
São neles que me lembro do que passámos
São neles que estou hoje
São neles que me atormenta o futuro

Porque tu não queres abraçar o futuro

Ainda é cedo
para pensar
ainda é cedo
para partilhar
ainda é cedo
para sonhar
ainda é cedo
para nós

E eu volto para os teus braços porque ainda assim são eles que me dão o calor, a ternura.

Um dia
vou estar nos teus braços, suspensa, como tantas vezes estive
e olho para o chão...
e vejo que não é o mesmo chão que tu pisas
o meu, fugiu...desapareceu
eu já não o tenho
aliás eu nunca o tive.

Porque tu, nos teus abraços, levaste-o. E eu ando a ver se o encontro. Será que algum dia me podes devolver o chão?

(desculpa ter metido esta colherada na tua vida...)

Ventos, ou melhor: Brisazinha

Bons ventos os de hoje.
Boas notícias a seguir ao almoço.
Boa digestão, a minha.
A ver vamos se dentro em breve vos posso contar. Por enquanto, e depois de muitas portas fechadas (até a da possível nova casa) pode ser que hoje se tenha aberto uma janela...

Apetece-me repetir o que escrevi há uns tempos:

A vida corre ao sabor do vento e, por vezes, o vento empurra-nos para a vida.
Por vezes, quando menos esperamos, aparece uma rabanada de vento que nos empurra, que, qual ciclone, nos transforma a vida. É tão simples!

É oficial

o espaço já está reservado, a renda está em dia. Agora ainda estamos a pôr a mobília e a pintar as paredes, mas acho que a partir de amanhã....a Carocas já terá o seu blog.

Estou aqui a pensar

em criar um outro blog só para a Carocas. Este aqui tem dias cheios de dores. Criando um bloguito só para ela, assumia de vez a minha faceta de mãe babada...e era um blog exclusivo da minha cor maior.
Mas será que depois dou conta dos dois?!

14 setembro 2005

Pai e Mãe, Mãe e Pai

Às vezes tenho inveja das mães que leio nos babyblogs.
São mães dedicadas, mães cansadas, mas mães dedicadas. Hoje, num desses blogs li algo, e pensei: a minha filha nunca me vai fazer isto.
A mãe em questão tem 2 filhas e uma vida cheia: trabalho, estudos, casa e afins. É sempre ela que adormece as 2 filhas. Mas naquela noite teve que dar uma atenção especial a uma das filhas e o pai adormeceu a outra. Segundo a mãe, foi muito rápido a adormecer a menina. No dia a seguir, quando a filha estava a acordar, a mãe repara que a filha estava abraçada a um casaco da mãe. O pai comentou que ela tinha adormecido agarrada ao tal casaco. E assim dormiu a noite toda.
Eu acho que isto nunca me vai acontecer. Ainda não sei se digo com mágoa ou não.
Acho eu que as tarefas devem ser divididas. Os bebés têm que estabelecer também uma relação com o pai. Mas lá em casa, devido a inúmeras razões, sinto que a minha filha me foi “roubada”. Sou sempre eu que lhe dou o jantar, mas antes disso é o pai que lha dá o banho. E nessa rotina eu não me meto, a pedido do pai. Segundo ele é o momento deles. Eu achava bem quando estava a ser mãe a tempo inteiro.
A seguir ao jantar é a hora de a adormecer. O pai encarrega-se disso enquanto eu faço o nosso jantar. E tantas noites fico sentada à mesa da cozinha sozinha, e a pensar: vou lá eu. Ele janta e vou lá eu. Mas não, que a desperto e depois é pior....
E fico. À noite aterro tantas vezes no sofá. E é o pai que a ouve à meia-noite para tomar o biberão. Ele acorda-me, eu dou-lhe o biberão a dormir. O pai fica com ela para adormecer na sala, eu vou-me deitar. Nos últimos dias, o pai vê-me tão zombi que diz: vai-te deitar que eu dou-lhe o biberão. E eu vou.
A meio da noite é ele que salta primeiro (tantas vezes eu penso, ela vira-se e adormece, mas quando vejo, já lá está o pai).
No fim-de-semana eu vou de manhã às compras o pai fica com ela, muitas vezes acaba por lhe dar o almoço porque eu me atraso. Quando volto está na hora de fazer o nosso almoço, o pai adormece a menina.
Tudo isto são rotinas que foram criadas quando eu estava em casa e muito cansada. E aproveitava todos os bocadinhos para o pai e a filha construírem a tal relação próxima. E lá o fizeram. Tanto assim é, que quando há conversas com a minha mãe sobre a minha filha, das manhas, dos miminhos e da forma melhor de a adormecer....eu digo que sim, mas não sei como é. Há tanto tempo que não a adormeço, que não sei como é. E tanto assim é que ela comigo barafusta sempre. Eu sou a das brincadeiras. Acho que tenho o papel de pai, e ele de mãe.
Tanta gente, tantas vezes me vem dizer, que sorte, ele é impecável com a filha. É um pai galinha. Faz tudo por ela. Até te tira a menina e adormece-a .
Nos dias de semana estou com a minha filha quando lhe dou o jantar e quando o pai vai passear o cão.
E tantas vezes eu penso: que boa mãe dá este pai......
E que pai ausente é esta mãe.

Calmaria

Subitamente o silêncio. Deixei de ouvir, de sentir, de ser.
Subitamente a paz.
Era bom, não era?

Recadinho

Sabes bem como é
As coisas vão acontecendo e sem saber porquê, aparecem as respostas feitas para nós. Não necessariamente por nós.
Sabes bem como é
A vida nem sempre é fácil
Sabes bem como é
A laranja também é amarga e doce e sabes bem ao que sabe.
Sabendo tudo isto também a vida assim sabe bem
Sabes bem que sabes bem

13 setembro 2005

Toca a tocar

Toca devagar
Na pele
Morta
Quente
Insensível

Toca devagar
Nos lábios
Pálidos
Secos
Distantes

Toca Devagar
Nas costas
Das mãos

Toca Devagar
Na barriga
Da perna

Toca devagar
Na palma
Dos pés

Toca devagar
Na bochecha
Do rabo

Toca devagar
Na cabeça
do dedo

Agora podes trocar
Troca devagar
De mão

Troca devagar
De posição

Troca devagar
De toque
Mas toca...

O teu toque
Tudo tolda
Tudo tem
Tanto assim tocas

Que
Onde tocas
Transformas e
Tudo Toca em tudo
Por isso troca de toque e
Toca em ti

Eu sabia...eu sabia...

Your Career Type: Enterprising

You are engertic, ambitious, and sociable.
Your talents lie in politics, leading people, and selling things or ideas.

You would make an excellent:

Auctioneer - Bank President - Camp Director
City Manager - Judge - Lawyer
Recreation Leader - Real Estate Agent - Sales Person
School Principal - Travel Agent - TV Newscaster

The worst career options for your are investigative careers, like mathematician or architect.
Ok, alguém é capaz de informar os empregadores/investidores deste país aquilo que estão a perder?
Caso o façam, por favor ignorem o post que está mesmo mesmo por baixo deste...

E novidades?

You Are 60% Weird

You're so weird, you think you're *totally* normal. Right?
But you wig out even the biggest of circus freaks!

12 setembro 2005

Espreitar

Vale a pena espreitar isto.

A Boneca do Biberão




Acho que a Boneca do Biberão pode vir a ser o Xico da minha filha.
Só há pouco tempo é que a boneca me chegou às mãos. Mas, segundo a minha tia foi comprada ainda eu e a Carocas éramos 2 em 1. Foi ficando esquecida lá por casa.
A Carocas quando a viu fez o ritual recomendado para o tratamento a todos os bonecos: um grande sorriso, braços estendidos, pegar (há uns que merecem miminhos, outros não entram nessa categoria) e claro, um voo directo para o chão.
Mais tarde, em casa, a Carolina repara que a boneca tem um buraco na boca, e tem um biberão na mão....Experimenta o biberão. Experimenta o buraco na boca da boneca e repara que o indicador cabe lá dentro.
A Carolina gosta desta boneca. Fala com ela. Põe a boneca a fazer óóó, mas acima de tudo dá-lhe biberão.
Sabe também chamar pela boneca: braço no ar, para a frente e para trás, género comício do PCP. O pai diz que a culpa é da mãe, porque ensinou a ir ter com a boneca do biberão, com palavras de ordem: corredor até ao fim, a entoar: “boneca do biberão, nós queremos a boneca do biberão....”Braço no ar!!! O Pai diz que a filha vai ser contestatária...a mãe ri e pensa: Tomara...tomara.
Eu sei que a Carolina faz tudo isto à boneca por minha causa, fui eu que ensinei. Também sei que isto é condicionar a educação...porque é uma menina, ensina-se coisas de menina...mas lá que ela gosta da brincadeira, lá isso...
A boneca do biberão irá ter um nome, caso a Carolina assim decida.
Não sei se vai ser o Xico dela. Mas por enquanto é essa boneca que a tira de sítios-onde-não-deve-estar sem choros. É essa boneca que desvia a atenção dos biscoitos do cão (qualquer dia o cão explode com tanto biscoito e bolachas dadas pela Carolina...)
Até ver a boneca ganha aos pontos em relação a todos os outros bonecos lá de casa. Não há cão, urso ou mesmo boneca bonita que lhe ganhe. Claro que os cubos, copinhos, caixas de cartão, comandos, telemóveis (para falar com a bóbó) e revistas são outra categoria que não se pode comparar em termos de qualidade superior!!!

10 setembro 2005

O Xico II




Conforme prometido, aqui está o Xico. Este fim-de-semana fui buscá-lo. Vai ver a Carocas a crescer.

08 setembro 2005

Poesia-Cão

Poesia-Cão

Com que então, coração,
poesia-aflição!
Antes poesia-cão
que é melhor posição.

Já que não és capaz
dos efes e dos erres
dessa solerte mão
que é a que preferes,

meu tolo desidério,
talvez seja mais sério
não te tomares a sério:
reduz-te ao impropério.

Alexandre O'Neill

O Xico

De vez em quando ando por aí a ver os blogs alheios. E já se sabe: blog puxa blog, e qual não é o meu espanto que assim sem mais, dou de caras com o Xico. Olhei bem e vi que realmente não era o meu Xico, mas outro, um primo.

Segundo reza a história, neste caso a memória materna, o Xico foi o meu primeiro boneco. Ficou com o nome de Xico porque foi oferecido pela prima Xica.
O Xico não era meu confidente, eu nunca fui muito de falar para o boneco, pelo menos para este. Nem me lembro de grandes brincadeiras com ele.
O Xico era mais um espectador. Lá estava ele, ora em cima da cama, ora numa prateleira, que me lembre, nunca foi boneco de ir para os baús das arrumações rápidas de brinquedos. Curiosamente nunca o dei, foi sempre ficando.
Era realmente um voyer, deve saber tudo da minha vida. É da família ou daqueles amigos eternos. Está sempre lá. Nem se questiona a sua presença. Quando saí de casa, o Xico ainda esteve para ir viver comigo para o outro lado do rio. Porém, achei que lhe devia a emancipação e ofereci-lhe a estada numa casa só para ele, eventualmente perturbado aos fins-de-semana e algumas férias pelos meus pais, mas ainda assim, como é no campo, tem tempo de sobra para o descanso. Não que ele esteja muito abatido ou gasto pelo tempo (se bem que 32 anos é muito na vida de boneco), o único senão é estar já há uns anos um bocado coxo...

Às vezes sabe tão bem ver que temos um Xico nas nossas vidas. É a almofada da ternura das memórias, doce, quente, cheirosa, familiar.

PS: Obrigada Anna, o primo do Xico, relembrou-me que está na altura de o trazer para junto de mim, e partilhá-lo com a minha cor maior.
Na segunda-feira prometo mostrar a foto do Xico, por enquanto aqui fica o
primo....

07 setembro 2005

Vale...



Depois de pensar, achei que ainda faz algum sentido continuar com este cantinho. Vou procurar mostrar mais as minhas cores, apesar de a cor maior estar sempre presente (ali em cima), vou tentar mostrar outras corezitas...
Está um pouco deprimente este cantinho, mas como diz o outro só lê quem quer.
Portanto....mais cores e dores, claro está (que eu tenho alma lusa, e como tal o fado persegue...ai fatalismo) ....

05 setembro 2005

Estava farta de pedir uma ajuda aos outros por meias palavras.
Alguns dos outros até a ouviam. Mas mais uma vez não perceberam. Nem podiam, ela disfarçava mesmo bem.
Só havia uma pessoa que a prendia à realidade. E não era por palavras, mas por gestos, sorrisos e carinhos.
Estava novamente no limbo, mas desta vez tinha dito. E a frase que ouviu foi um aguenta aí.
Ela aguentou. Até não poder mais. Foi aguentado tudo. Mentiu a ela própria, mas sabia, sabia tão bem que nunca iria ter paz, que iria sempre ser um fardo.
Uma coisa pesada na vida das pessoas. De todas as pessoas que aparecessem perto dela, da vida dela.
Nunca um verão lhe parecera tão escuro e longo. Pouco mais tinha para descobrir, pouco mais queria descobrir.
E já estava tão cansada. Faltava-lhe a coragem para dizer a tal palavra: A-Deus!

FIM


Se calhar chegou ao fim:
Ainda não sei se é mesmo o fim, fim...mas para já, penso nisso.

02 setembro 2005

Valerá a pena continuar?

Isto de ter um blog é esquisito.
Nunca achei que tivesse uma vida interessante para contar. Nunca achei que tivesse algo de interessante para dizer. Nunca achei que soubesse escrever. Então, para quê ter um blog? Ainda não consegui responder a esta pergunta. Acho que uma hipotética resposta está na minha sanidade mental. Ou seja, este cantinho é o meu escape de mim.
Quando tudo o resto parece estar a ficar insuportável, escrevo. Então, resolvi aliar isso ao facto de me expor: um dos meus maiores medos. A exposição e a avaliação sempre me aterrorizaram. Com este blog expio as minhas dores. Abro parte da minha vida, sempre à espera de uma crítica, daquelas que nos deita abaixo...lá bem ao fundo.
Acho que queria me confrontar para finalmente ler aquilo que penso de mim, para depois me dizer: vês? Eu não te disse, não vales mesmo nada.
Lá está a sanidade mental a dar de si....

No canto da boca, Canto

No canto da boca há um cigarro
No canto da boca há palavras mudas
No canto da boca há sorrisos enganados
No canto da boca há estórias perdidas
No canto da boca há beijos desfeitos
No canto da boca há tristeza oculta
No canto da boca há rezas prometidas
No canto da boca há certezas caladas
No canto da boca há músicas passadas

No canto da boca há tudo aquilo que ninguém vê.
Deixem-me no meu canto.

T3

Vende-se T3 em Alcochete, quem estiver interessado......deixe aqui a sua mensagem......

31 agosto 2005

Carolina: Sumo na Vida

Entre esta e esta...ainda não decidi qual cantar à Carolina. Por enquanto vão as duas. Aceitam-se propostas ....

É claro que a Mana já tinha dedicado um playback à Carocas....é só ver os comentários

Frase da Semana

"(...) Acho que, no caso de Soares, o PS foi longe de mais na intenção do aumento da idade de reforma...(...)"


Autor desconhecido.

O Pai da Carolina

O pai da Carolina apareceu na minha vida assim, devagarinho.
O pai da Carolina tem muitas cores, muitas delas escondidas.
O pai da Carolina relativiza os meus problemas.
O pai da Carolina é um pai muito babado. Adormece a Carocas, embala a Carocas, fica com ela para a mãe ir às compras. Faz tudo à Carocas. É um pai babado, é definitivamente um pai galinha.
Quando o pai da Carolina resolveu aparecer na minha vida, trouxe muitas cores novas. Eu nem as conhecia, nem sabia que elas existiam.
De repente, uma ventania assolou as nossas cores. Tivemos que repensar, fazer uma nova construção pictórica. Foi difícil, mas "ninguém nos disse que a vida é fácil". E lá nos fomos aguentando, tentando pintar o melhor de cada um para dar cores diferentes à vida.
Quando menos esperávamos pintamos a COR MAIOR. Ela lá foi aparecendo...minimizou tantas dores....
Sim, porque houve dores....e ainda as há...Mas também há as pedras, tantas vezes pedidas, para se pôr em cima de assuntos. Claro que depende do tamanho das pedras e depende do tamanho dos assuntos. Há que ter cuidado ao pôr as pedras...para não nos caírem em cima....
Sempre me disseram que era assim...Mas agora, pai da Carolina, promete-me que vais ser sempre um pai assim, mas promete também que vamos voltar a pintar novas cores. Devem haver tantas ainda por descobrir.

(um dia toda a blogosfera vai saber como salvar velhinhas de incêndios na Estefânia....)

30 agosto 2005

25 de Julho de 2004 – Olá Carolina, Olá!



Estavas há já 40 semanas no bem bom da minha barriga. Sabias perfeitamente quando e a quem te mostrares: danças intermináveis que faziam o espanto de quem olhava a minha barriga enorme. Aliás toda eu enorme.
Quando engravidei, fiquei logo com cara de grávida: lábios grossos, cara inchada...e manchas em toda a cara. Não enganava ninguém, a barriga e as ancas apareceram logo a dizer estamos aqui prontas para o que der e vier.
E estavam realmente prontas para a Carolina. A mãe queria uma menina, e a tia Rita também, mas entre primas e bisavós houve apostas e promessas de anéis. O Pai dizia que lá vinha um rapaz apoiado pelo avô; o Bisavô pensava que era desta (uma filha que já lhe tinha dado duas netas....era agora, era só podia ser agora!)
Mas não, quando o médico que fez a Ecografia disse que aparentemente estava tudo bem, e que sim senhora era uma menina, a tia riu-se do pai com um ar triunfante. E o bisavô ao telefone desabafou um ora-bolas-ainda-não-é-desta. Mas ficou a saber que ias ter o nariz abatatado e arrebitado da mãe (genes transmitidos pelo bisavô).
Os dias foram passando, e tu foste crescendo....e eu também. Roupa, berço, alcofa, carrinho, fraldas, chupetas, biberons, tudo em casa estava pronto para a tua chegada.
Às 38 semanas os médicos acharam que tinham que dar uma ajuda para te lembrar que estava na hora de conhecer o que se passa cá fora.
E então lá íamos nós 2 vezes por semana para os “toques”....e depois andar muito, muito, muito. Lá andávamos nós no Centro Comercial para estarmos no ar condicionado que os dias eram muito quentes. E à noite íamos passear o Gaspar no bairro, para andarmos, andarmos, andarmos....Claro que embalavas no sono e só acordavas quando me ia deitar.
Estava previsto nasceres a 24 de Julho, e realmente às 6:45 do dia 24, lá acordaste a mãe...Tinhas furado qualquer coisa e inundei a cama. O pai nem acreditava, pensava que era a brincar. E as dores? Nada! Nadinha.
Lá fomos nós para o Hospital, avisámos a prima que tinha dado toques e feito todas as ecos. Era um sábado, a avó não tinha boleia e lá foi ela de táxi para o Hospital para ser uma das primeiras a ver-te, também a enganaste.
A mãe lá foi arranjada pelas enfermeiras, que diziam que ainda faltava. Passámos o dia inteirinho lá. Nós as duas...tu calma, calminha, já não andavas nas danças, e eu a pensar que devias ter arrependido...
Mas lá para as 8 da noite lá deram umas coisas para apressar a menina que não estava pelos ajustes.
À meia noite andávamos nós nos corredores, a mãe agarrada ao “bobi” e tu a descansares....
Às 4 e tal da manhã, as dores estavam a ficar muito perto do insuportável e resolvemos chamar as enfermeiras que diziam, ah ainda não está com cara disso. Como se a minha cara falasse por ti. Mas a cara engana...e lá viram que já se podia dar um remédio para não sentir essas dores. Lá fomos nós....e depois foi esperar. A prima ia telefonando para as enfermeiras para saber como estavam as coisas. Mas ainda faltava. A mãe mandava mensagens ao pai....até que telefonou e disse, vem. O pai lá foi tão atarantado que estragou o pára-choques do carro. No dia a seguir o pai conseguiu avariar um carro emprestado, também. Mas nesse dia 25, lá esteve o pai com a mãe...e quando estavas mesmo quase a vir ao mundo, apareceu a prima! Surpresa boa!
E finalmente às 15:45 conseguiste sair!!!! A prima e a enfermeira diziam força: deram o jeitinho, e a mãe puxou-te pelos braços para dar a ajuda final. O pai, corajoso, pegou na tesoura e cortou o cordão que nos unia. E chorou...Mas tu choravas mais alto!
Mas mal te puseram em cima da minha barriga, ainda suja, cheia de coisas da mãe e coisas tuas, ficaste muito séria e caladinha a olhar para mim.
E eu olhava e não pensava. Só saía Olá Olá...princesa!
Levaram-te para os aposentos das princesas para te lavarem e vestirem. E depois, à socapa, a prima abriu a porta e mostrou-te aos avós. São aquelas fotos de avós de primeira viagem...a babarem contigo ao colo.
A mãe demorou muito tempo a ser arranjada....e quando te puseram a mamar, não querias sair. As visitas todas que tinham chegado, só nos puderam ver no corredor, e tu ainda a mamar! Os avós todos lá estavam, as tias, os primos.
E lá fomos nós as 2 para o quarto morrer de calor. Eras a maior do quarto: 3420Kg e 50 cm..
E eu fiquei não sei quanto tempo a olhar para ti a dormir, com os olhos cheios de água (muita água....) e a dizer: Olá Carolina, Olá! Olá bebé, Olá!


29 agosto 2005

A Avó

Aos 8 anos uma avó é assim:

"Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As Avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas. Nunca dizem "Despacha-te!". Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior. As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam histórias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes. As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morreram mais vezes do que nós. Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, principalmente se não tiver televisão."

(recebido por e-mail)

28 agosto 2005

Amigos

Eu não tenho muitos amigos. Sempre fui assim. Nunca tive uma mão cheia de amigos. Aqueles que eu considero como tal, são muito poucos. Mas, tenho conhecidos. Muitos conhecidos.
De há uns anos para cá perdi uma amiga. A amizade já não era nada, mas ela era aquela que me acompanhava em tudo. Fomos amigas na adolescência toda. Vivemos tudo uma da outra e só andávamos as duas. Não havia muitos mais amigos. Com os anos, passámos a telefonar de vez em quando. Ela, sem nunca nada de novo para contar, eu com inúmeras novidades: relações terminadas, recomeços, novas relações, desemprego forçado, novo emprego, outro emprego.....até que um dia ela me telefona e diz: “então, novidades?....sabes eu até tenho medo de te fazer esta pergunta porque a tua vida é sempre tão agitada....”. Eu não percebi logo, mas depois vi que foi ali que tudo acabou. Depois, o tempo foi passando, eu engravidei e ela nunca mais teve tempo para mim. Para a minha vida agitada, com muitas novidades. A Carocas nasceu. E ela sem tempo de a visitar, de me dar os parabéns sequer.
Este ano foi a vez dela engravidar. Quando soube que ela estava grávida, liguei. Dei-lhe os parabéns. A voz de pessoa comprometida disse tudo, as mil desculpas nada disseram. Ainda tentámos falar mais umas vezes, mas já não houve tempo. Já teve o seu menino há uns meses. Acho que em Junho. Eu não liguei a dar-lhe os parabéns. Não me apeteceu. Percebi definitivamente que a minha vida era realmente cheia de novidades, demasiadas novidades que lhe cansavam os ouvidos.
Eu não tenho muitos amigos, sou muito exigente para eles. Provavelmente nem os mereço. Mas vou tendo conhecidos. Muitos conhecidos.

26 agosto 2005

As Gordas Do Pintor


É hoje que as gordas guardadas do Pintor vão ver a luz do dia (ou da noite)....
Vou lá ver como ficou...e aproveito e revejo o mar da Ericeira.

Galeria Orlando Morais - Junta de Turismo da Ericeira
26 Agosto a 9 Setembro

Bonecos



Bem sei que agora anda muito na moda as artesãs. Os velhos trabalhos manuais voltaram a estar na berra, como é o caso do tricot e do crochet.
Existem ainda os bonecos de trapo. Depois de muitas visitas a blogs e a algumas feiras, continuo a gostar daqueles que me fizeram descobrir outros. Aconselho a visita à página da ervilha cor-de-rosa que para além dos bonecos, tem sacos e outro trabalhos da Rosa Pomar.
Indispensável, também é visitar este site...bonecas maravilhosas. Num outro dia deixo aqui mais endereços..
Tenho que me iniciar nestas coisas, acho que jeitinho não tenhum nenhum, mas não há nada como tentar.
Vejam e digam qualquer coisa...

Estou aqui perto


Eu também ando sempre por aqui....ou neste ou noutro blog ao lado, no e-mail, a procurar casas, de quando em vez vou até ao word ou excell...Mas se não estou aqui podem encontrar-me no MSN....

25 agosto 2005

Ser Mãe




Ser mãe é não saber escrever sobre isso.
Ser mãe é não encontrar palavras para descrever tamanho amor.
Ser mãe é ficar com cara de babada como nesta foto.

Um dia vão aparecer as palavras de mãe.

Simples tanto assim

A vida corre ao sabor do vento e, por vezes, o vento empurra-nos para a vida.
Por vezes, quando menos esperamos, aparece uma rabanada de vento que nos empurra, que, qual ciclone, nos transforma a vida. É tão simples!

Simples tanto assim

É simples
Tanto assim
Como o vento que sopra

É simples
Tanto assim
Que sopra

Que venta
Que sonha
Este vento

Esta sombra de ar
Que nos empurra
Esta lufada
Que nos sacode

Sopra devagar
Sussurra o meu nome
Suspende a respiração
Sacode o sorriso

E sente o sopro do vento que venta

24 agosto 2005

Cantarei

O canto de uma arma no canto de um prédio
O canto de uma senha na voz de um louco
O canto de uma casa velha nos olhos de um mendigo
O canto de uma velha na solidão do fim
O canto de um coração livre e desesperado
O canto de um quarto nos olhos dos amantes
O canto da boca a tocar nos dedos do pé
O canto de uma criança a boiar nos meus olhos
O canto mais esconso das ruelas velhas
O canto das fábricas
O canto das máquinas
O canto dos motores
O canto que serve de escape
O canto da Cidade
O canto do Mundo
O canto mais livre dos povos
O canto mais escondido da vida
O canto mais escuro de mim
O canto mais livre da minha alma
O canto mais triste da minha alma
Encontra um canto mais claro no encanto da tua voz

22 agosto 2005

Deus Finalmente Parte II

Com o coração nas mãos e muito longe do peito, correu pela praia. A areia fina, aguda, picava os pés frios.
O sol alto, massacrava a testa.
Ofegante desviava-se de bolas, de gelados, de crianças que mastigavam areia. Barrigas, bigodes e fios de ouro apareciam à sua frente, enormes barreiras, infinitos e eternos obstáculos. Ao longe, o som dos carros, o cheiro a tubo de escape. E só ela não escapava...
Ouvia vozes, ouvia comentários, porém não os decifrava. Sabia que falavam dela, que olhavam para ela.
Mas isso sempre soube. Falavam dela desde sempre. Mulheres e homens, umas invejavam o cabelo, a boca, o corpo, a vida; outros queriam o cabelo, a boca, o corpo e porque não, também a vida.
Era a imagem da perfeição desde pequena, era a imagem que todas queriam ter no espelho, era quem eles queriam ter ao lado, era, era, era.
E ela?
Não era nada. Para ela não queria nada. Não tinha nada. Só o coração nas mãos. Velho, cansado, triste, apagado. O peito doía, ardia, sangrava, morria. E o coração a saltar, a escorregar.
Empurrou dois colchões, saltou por duas bóias e correu para o mar sujo. Finalmente, Felizmente! pensou. A cegueira das vozes, o silêncio dos olhares. Finalmente o encontro tão desejado e pensado. Finalmente!
E caminhava para o mar, para dentro dela, para longe dos outros. As vozes cada vez a comentarem mais, e cada vez mais distantes. O coração a saltar, agora sim, a Viver. Desapareceu no mar.
A-DEUS, disse.
A-DEUS.........lá chegarás!

19 agosto 2005

Antes só que mal acompanhada

E assim foi. Passou por entre a multidão e olhou para todos os pés que esmurravam o chão. Gritou com os olhos à espera de um sorriso adiado. Chorou com as mãos numa dança de gaivotas sem rumo.
Mas era tarde: a tempestade já estava em terra.
Nem correr conseguia.
Nem fingir sabia.
Nem sonhar podia.
Nem um olhar, nem um soslaio, nem um sorriso, nem um esboço.
Era cada vez mais transparente para os outros. E tantas vezes, em outras tantas alturas da vida, que tinha desejado ser transparente! Tantas, menos agora. Todas, menos agora.
Agora queria um olhar, um sorriso uma palma de mão.
Era tanta gente e ninguém olhava, e ninguém perguntava, e ninguém sorria e ninguém se importava.
Era agora que o telefone devia tocar, era agora que os convites rejeitados deviam chegar, era agora....
E de certeza que nada iria acontecer, porque se o telefone tocasse não ia atender; se o convite adiado viesse, ia-se esconder.
Mas era preciso uma mão, era preciso um ombro, era preciso um olhar, era preciso....
Para suportar a dor, a solidão, o nó na garganta, cada vez maior, cada vez mais quente, ardente.
Tentou respirar fundo, mas o ar não ajudava, o peito fechava-se.
“Olha para o céu, que é sempre calmo e relaxante, estupidamente bonito”, costumava alguém sussurrar ao ouvido. Mas hoje, agora, não estava ninguém, nem ia estar....nunca mais....eu não deixo, nem quero. Antes este nó na garganta e o peito apertado que a incerteza no olhar, nas mãos, no coração.

17 agosto 2005

Em 2001 escrevi o texto que se segue...é um de muitos a que resolvi chamar A-Deus.


Lisboa

Depois de navegar pelas ruas libertas de gente, sentou-se num banco de jardim.
Sabia que tinha chegado a altura de descansar, respirar e olhar para outra coisa que não ela própria.
Às vezes cansava-se dela, dos eternos problemas, que tantas vezes nem o eram, mas de tanto pensar acabavam por se transformar em questões intransponíveis. Talvez, tudo isso, se devesse ao facto de não ter ninguém que realmente merecesse a sua confiança. Não, que ideia, ela não tinha era ninguém com quem conversar.
É isto que mais a irrita, o facto de se enganar a ela própria. E se nem ela própria se suportava, como é que podia abrir-se para os outros? Seria completamente ignorada. Novamente o engano próprio: agora também és totalmente ignorada, não tens gente que viva contigo, que jante num sábado, que almoce num domingo; que vá ao cinema contigo; que te ofereça uma prenda no dia de natal ou no dia de anos.

Levantou-se do banco velho de jardim e inclinou-se sob a poça de água. Viu o seu rosto distorcido e soltou uma gargalhada, era mesmo assim por dentro: feia, velha e desfocada. Suspirou fundo e entrou no prédio pombalino que habitava. Devagar e num silêncio absoluto mergulhou na casa. No quarto ao fundo viu os dois filhos que dormiam. Eram parecidos com o pai, pensou. Na sala o cão repousava no sofá, e claro que nem abanou o rabo quando a fitou. Na enorme cama de casal, o marido dormia.
Ninguém tinha dado pela sua falta, a não ser, provavelmente, o amontoado de louça que estava à espera dos seus braços para que ficasse lavada. Realmente, ela era a sombra de todos os dias naquela casa. Ninguém notou a sua falta. Suspirou mais uma vez e foi tomar um duche.
Quando a água fria lhe acariciava a cara, sorriu, sentia-se feliz, depois de muito tempo.
Pegou na lâmina do marido, abriu as veias, e disse finalmente: A-Deus.

16 agosto 2005

Deixa estar

Deixa estar
Não vale a pena estranhar
Esta vida sempre igual

Deixa estar
Não vale a pena questionar
Este viver devagar

Deixa estar
Não vale a pena chorar
O passado enterrado

Deixa estar
Não vale a pena angustiar
Por um futuro fechado

Deixa estar
Vamos vivendo
Devagar

Sem grandes expectativas
Sem grandes ambições
Sem grandes questões
Sem grandes emoções

Deixa estar, para quê incomodar?
Deixa estar, as coisas boas acontecem e as más desaparecem

Vai-te deixando estar...

Hoje sinto-me azul ou I’m feeling blue

Azul melancólico
Azul triste e nostálgico
Azulada com a vida
Azulada de ritmo triste

Pode ter sido do rosa choc de ontem
Deixou-me rosada de vergonha
Era um rosa velho aquele
Acho que nunca foi bebé

Precisava de um verde
Verde bandeira para ter referências
Verde azeitona para me lembrar o país
E amarelo assim sendo. Amarelo canário para alegrar as tardes soalheiras, amarelo oiro para avivar tesouros escondidos.
E claro que seria acompanhado pelo vermelho
Vermelho sangue, vermelho revolução, vermelho a puxar para o grená, que isto de ser cor tem as suas nuances.

Mesmo o preto, conhecido pela sua imensa escuridão, se se descuida, descaí para o cinzento.
Mesmo o branco, quando tomado pelo sol nestes dias de verão, fica pérola, ou até mesmo areia.

Quem sabe um dia deixo de me sentir azul e tenho referências verdadeiras, um pais com cor, cheio de tardes soalheiras que desvendem tesouros. Assim, com o sangue a pulsar nas veias, faço uma revolução sem espaço para nuances e subterfúgios a empurrar a minha vida.

(Lisboa, 3 de Agosto de 05)

12 agosto 2005

Comentar os Comentários

Ora bem, resolvi agora comentar os comentários dispersos....
O meu nome, efectivamente não é Rita, sou a outra, a irmã loira!

Então é assim: os cegos que andam a ver bem este bloguito foram os meus companheiros da peça Ensaio sobre a cegueira, que está no Teatro da Trindade. Aconselho vivamente: ler o livro e ir ver a peça. Um outro conselho: NÃO deixar o carro estacionado em frente à Cervejaria Trindade, com um blusão de ganga no banco. Há pessoas capazes de partir os vidros e levar o blusão. E nem um bilhete, nada! Mais vale deixar no parque de estacionamento. Custa cerca de 6€ e um vidro novo, 88€.

Mais tarde posso explicar quem é o Herói da Estefânia, o Tarzan da Selva Urbana, o Bravo Soldado da Paz. Ele também terá espaço para as suas cores.

O resto: gorduras, pintores, 27s e afins....já tiveram ou vão ter a sua vez!

Das Dores

A Mana

A mana nasceu e roubou-me o trono. Confesso que me deu algum jeito porque ela entretinha as pessoas e eu podia ficar, qual bicho-do-mato na minha toca, com os meus óculos a ler livros de aventuras.
A mana foi crescendo e aprendendo as coisas básicas da vida: sim senhora, eu empresto as coisas, desde que me peças antes. Brincos, camisolas e essas coisas novas podem ser emprestadas, mas antes tem que ser a proprietária a estrear.
Quando estava a crescer, a mana foi mostrando aquilo que era capaz: sem saber ler nem escrever, mete pires por baixo de uma santa que brilha no escuro, e pede para ser eu a escrever o papel: ajude a santinha. Parece que ainda rendeu. A mana foi aprendendo que isto de religião e dinheiro anda muito de mão dada. E pequena, lá ia pedindo uma moedinha para o Santo António, em Junho, Julho...Agosto. Esta parte não fazia as delícias da mãe.
A mãe também não gostava que todas as mesas dos cafés fossem corridas pela criança a pedir moedas para tirar bolas das máquinas. A mãe também ficava envergonhada quando, no Algarve, a mana pedia a uma alemã para a pôr a fazer chichi, ou no bar exigia mais um gelado empoleirada em cima de uma cadeira, deixando sem reacção os empregados.A mana tinha as suas coisas. Mais tarde, já sabia escrever, e aí, os actos tornaram-se mais expeditos. Ora dia em que não há escola, é dia de mala aviada. E nuns dias passados na santa terrinha, descobre um gato. Resolveu chamar-lhe flufi, penso que por ser um nome sonoro, estrangeiro, cumpria o objectivo: fazer um clube do gato. Ora bem, nesse caso é necessário angariar sócios. Recorre-se dos familiares e amigos. E claro faz-se cartões com fotografias tipo passe. Que isto não é só pagar as quotas há que ter alguma retribuição. A revista editada com uma periodicidade desconhecida também é uma mais-valia para os sócios. É claro que o gato como veio, também foi à vida dele. Mas o clube mantinha a sua presença viva!
Enfim, a mana, de muitas andanças, não é só uma criança com olho para o negócio (ainda estou à espera que agora em adulta ponha em prática os MBAS tirados na infância) a mana cantava, organizava “bandas” infantis, tendo como mentores os “onda-choc” ou os “mini-stars”.

Mas a mana foi crescendo, foi descobrindo que a vida é feita de muitas cores, mas também de algumas dores. Muitas dessas, ficaram escondidas disfarçadas para ninguém as achar. Eu acho que sei algumas, mesmo as dores mudas...outras nem as sonho. E com uma mana destas mais nova e toda luz e cor, só se pode aproveitar. Tantas vezes que a mais velha passa a ser ela. É ela quem me manda sair dos meus “grandes” dramas. É ela que me mostra muitas vezes que “toda a gente é assim”. A mana tem muitos amigos, deve ser por isso. Chama-os à terra, e por isso cultiva-os. Daí que lhe possam sair da cabeça cores azuis...e roxas (claro).

A mana tem muito que se lhe diga. Esta foi só uma pincelada. Até porque há uma menina que gosta muito dela. E essa menina vai seguir a pisadas da “tita”....até porque a mana deu-lhe um piano para pisar........com muita música para dançar!!!

11 agosto 2005

An(d)a (g)Rita


Este é só um cheirinho de uma palete de cores que a Rita tem (ou vai ter). Por isso Anda Rita, Grita e Dança...An(d)a (G)Rita nas Andanças ....


A Rita
Chico Buarque

A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
E o que me é de direito
Arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel

A Rita matou nosso amor
De vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão
Porque não tinha não
Mas causou perdas e danos
Levou os meus planos
Meu pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão

10 agosto 2005

A indústria dos incêndios

José Gomes FerreiraSub-director de Informação da SIC

Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas.
Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos:
1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica?

Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências?

Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair? Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis?

Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo?

2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios...

3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei.

4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre.

5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade.

Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime...

Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta – e até as habitações – e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal?

Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país.
Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo – destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime. Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer:

1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.

2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).

3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores

4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei.

5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.

6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios.

Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo.

José Gomes Ferreira


09 agosto 2005

O Pintor

O pintor tem as cores na ponta dos dedos, mas também as dores.
Com a mestria de uma pincelada tantas vezes traduz as minhas cores. Mas tantas outras expõe as minhas dores.
Este pintor, eu conheço há muitos anos. Há tantos que nem me lembro quantos são. Não sendo da família, entrou para lá, e vai ficar para sempre.
Este pintor, com o qual eu não falava por ser uma miúda tímida, com muitas dores por resolver (algumas ainda por cá andam...).
Só uma árvore me fez falar, ou melhor, o alperce no cimo da árvore. Essa cor de fruta fez com que eu perdesse a vergonha e lhe dissesse ali está mais uma fruta para apanhar. Passaram-se muitos anos e eu nunca mais me lembrei de como falei pela primeira vez com o pintor.
Mas ele não se esqueceu. Numa altura de transição da minha vida, quando acabei o curso e cumpri o ritual (com o qual nem concordava muito) de distribuir fitas de fim de curso para amigos e familiares assinarem, o pintor pintou a minha fita. E nessa fita para além do desenho do alperce vinha também a memória. A menina que perdeu a vergonha e no quintal da casa da praia diz que está ali mais um alperce.
A pintura do pintor fez-me sorrir. Mas as letras do pintor fizeram-me chorar.
Era uma altura difícil da minha vida, essa, a das fitas. Estava a deixar uma etapa importante para trás e tinha um futuro diferente pela frente. Mas também foi uma altura de decisões, em que cortei com outras amarras que me deixaram amorfa durante anos.
As cores e as letras do pintor deixaram-me de queixo trémulo e lágrima ao canto do olho. Não chorei de dor, mas de cor.
E mais uma vez, o pintor lembrou-se das palavras: e deixou aqui na blogosfera a sua pincelada em letras.
E eis algumas cores:

03 agosto 2005

Dois em Um

De visita a um blog amigo encontrei um texto sobre a caminhada de alguém para sair da droga. Vida de dor essa. Essa vida fez-me recordar que há tantas outras vidas sem futuro, sem cor (provavelmente estão à espera de uma mão, ou de uma porta, ou de alguém...) dois textos que apesar de não parecer também se cruzam (com as dores e as cores).


Nem todas as vidas se cruzam como as nossas.

Vidas descruzadas, vidas sem encontros
Vidas desmanteladas, vidas sem amor
Vidas desencontradas, vidas sem rumo

Vidas afuniladas para abismos
Vidas encaminhadas por outros
Vidas desenganadas da sorte

Vidas desestruturadas
Vidas maniatadas
Vidas desencantadas

Vidas que não rodopiam, mas se enrolam
Vidas que se desunem do amor
Vidas que choram pelo prazer

São vidas dispares das nossas
São vidas ao contrário das nossas
São vidas vizinhas das nossas

E tantas vidas, tantas vezes
Nos são indiferentes
E tantas vidas, tantas vezes
Tocam nas nossas

E todas estas vidas
As nossas vidas
As outras vidas
Caminham juntas para a morte

(Lisboa, 5 de Maio de 2005)


Espera

Tanto tempo que espero
Tanto tempo que tenho a vida parada
À espera de um caminho
À espera de nada

Tanto tempo fechado numa gaveta por abrir
Tanto tempo sem horas para medir
À espera de um carinho
À espera de sorrir

Todo este tempo perdido
Esperando por ti
Esperando por mim

Todo este tempo perdido
Não o vou recuperar
Perdi as cores
As vozes
Os sorrisos

Perdi-me a mim e alguém para amar.

(Lisboa, 3 de Agosto de 05)

01 agosto 2005

A propósito do 25 de Abril e a propósito das cores e dores da minha vida

Os cravos já não brilham, amor

Os cravos já não brilham
Ficaram opacos
Eram vermelhos, lembras-te?
Ficaram cinzentos

Não chegaram a murchar
Mudaram de cor
Não chegaram a morrer
Ficaram tristes

Dizem que é normal
Dizem que é a evolução
Dizem que é natural
Dizem que é amadurecer

Passou ainda tão pouco tempo
E já há tanto esquecimento
Passou ainda tão pouco tempo
E já há tanta indiferença

A vida passa, corre
Dizem alguns.
E ficam parados a vê-la acontecer
Quando sequer a avistam!

E vão passar mais anos, amor
E vão passar mais pessoas, amor
E vamos olhar para os cravos
E quem sabe se, um dia, voltam a avermelhar

Com(o) o sangue
Com(o) o amor
Com(o) a paixão
Com(o) a vontade de colorir e mudar as nossas vidas


Lisboa, 5 de Maio de 2005

Gorduras

A propósito de uma futura exposição de pintura que se vai centrar na questão da obesidade e sua aceitação/rejeição por parte da sociedade, fiquei a pensar no elogio à extrema magreza ( a quase anorexia, ou mesmo anorexia...) que actualmente é imposta. Aqui estão as Dores de algumas.

Mulheres Gordas

Só há uma altura em que se pode chamar gorda a uma pessoa do género feminino, sem, no mínimo, levar com um olhar reprovador: quando se é bebé. Pelo menos é uma alegria para qualquer mãe ouvir: “ai estão tão bem, tão gordinha, está mesmo boa!!!”
O caso muda de figura quando se vai ao pediatra que alerta para os perigos da obesidade nas crianças, deixando no ar a ameaça da dieta alimentar: “vamos ver como ela está na próxima consulta, e qual o comportamento quando começar a andar”. Senão: dieta, não queremos bebes gordos.
E pronto, a partir daqui entra-se na espiral do corpo magro. Se ainda fosse a do corpo são em mente sã... mas não, muitas vezes é roda eufórica do corpo de osso e pele. Pior ainda é quando este “ideal” persegue-nos em todos os lados: TV, rádio, revistas, jornais, Internet....
Mas há gente que é cada vez mais gorda: os chamados obesos. Que não podem ser felizes, ou melhor não devem ser felizes. Questões de saúde à parte....(quantos magros, dos muito magros são saudáveis?!)
A perseguição da magreza extrema é saudável? A realidade das gordas, das imensas carnes será assim tão deplorável? Haverá espaço para a felicidade?
Claro que sim, desde que se esteja bem com o seu corpo. Frase feita para pensamentos aconchegantes... Mas quem é que realmente se sente bem com o seu corpo? Não haverá sempre uma coisinha a tirar, a esticar, a esconder?
E estas imensas mulheres? Saberão encarar a vida de frente? Nós temos tantas e tantas defesas....crescemos a fabricá-las, mas tantas vezes também só crescemos quando destruímos algumas delas.
As magras que quase rangem ao andar estarão presas às gaiolas da fome voluntária? Às prisões do desejo do “corpo perfeito”? Serão verdadeiramente elegantes? Não será uma vida de sacrifícios em prol da “beleza”? Não serão estas eternas reclusas, presas a ideias e vontades impostas por uma sociedade das aparências? Não serão elas as verdadeiras Gordas?


Mentes gordas, untadas de ar. Pensamentos feitos de estrias, corações rachados de celulite. Olhar flácido, alma disforme. Mentes gordurosas mas com corpos de TV de umbigo à mostra. Mostra tudo! Corpos montra de nada, de ossos e peles. E a cabeça a pedir um recheio de chocolate abraçado por chantili.

06 julho 2005

Uma menina

Uma menina
Um gesto
Um bocejo
Um piscar de olhos

Uma mão
Um gemido
Uma boca que sorri
Uma cabeça que encosta

Um carinho
Uma gargalhada
Uma turra
Um puxão de cabelos

Uma...tantas fraldas
Um beijo no pescoço
Umas unhas que arranham
Um cheiro a leite

Uma nódoa de sopa
Uns olhos sonolentos
Um grito de contentamento
Um grito de aborrecimento

Uns braços com pregas
Uma barriga empinada
Um rabo que pesa
Um chapéu de abas

Uns sapatos cor-de-rosa
Um cabelo espetado
Um vestido com baba
Uns dentes a espreitar


Uma chupeta molhada
Umas palminhas de mão fechada
Um adeus desatinado
Uma cara feia desdentada

Uma menina
Uma Carolina Cheia dela

(Lisboa, 5 de Maio 2005)

Vento em popa

Dias ventosos, estes.
Ontem o Primeiro-Ministro José Socrates foi à SIC fazer o balanço dos 100 dias de Governo. Entrevistado por dois supostos pesos-pesados da estação. Socrates esteve bem. Lição estudada. Gostei particularmente da parte em que se sente incomodado com as reformas e ordenados dos seus ministros. Olhem: POIS!
Dias ventosos, estes.

05 julho 2005

Ao princípio é simples

Ao princípio é simples anda-se sozinho, passa-se pelas ruas bem devagarinho

Pois é, depois de muitos "acho que também vou ter um blog", "um destes dias eu vou fazer um" e etc e tal...cá está ele!

E como é mesmo o princípio, o início....ainda está a andar sozinho, bem devagarinho.

Como todos os outros este também terá pensamentos, também terá opiniões, também terá sentimentos, também terá fotos....também terá...

Mais um como os outros. Fala das Dores (as minhas, que são tão semelhantes às outras, às do país, que também são as vossas, às do mundo...).

Mas também das cores da vida..

Por isso das dores e cores...