27 fevereiro 2006

Carnaval

Há uns anos o meu Carnaval tinha um cheiro diferente. Eu tenho uma memória olfactiva e o Carnaval cheirava-me sempre a roupa guardada. O meu Carnaval cheirava a um misto de roupa guardada e a maquilhagem, cremes, sabor a batom na boca.
Todos os anos havia festa na escola e outras festas fora da escola.
Era uma agitação com os preparativos. Havia máscaras temáticas pelo grupo, mas também surpresas de última hora. Improvisos com creme nívea a fazer de gel/espuma modeladora no cabelo.
Gravatas e camisas do pai, coletes do avô. Ou então a bijutaria da mãe era sujeita a uma análise quase científica. O roupeiro dela também. Os sapatos sempre foram os meus, pois cedo ultrapassei os números pequenos das mulheres da família.
As festas eram em garagens, caves e adegas de casas de amigos devidamente decoradas para o efeito (leia-se carregadas de serpentinas e algumas máscaras nas paredes). Os amigos eram dos meus pais, e fazia-se grupos enormes com primos e amigos dos amigos. Iam vários carros, encontro marcado em casa dos meus pais para terminarem de se mascarar. Claro que as jovens adolescentes, como eu, iam para as festas dos velhotes porque iam também outras filhas e filhos de outros velhotes, amigos dos pais.
O meu Carnaval cheirava a cremes e maquilhagem e a roupa guardada. E significava quase sempre passar frio até começar a dançar (muito).
Com o tempo e a “emancipação” deixei-me dessas coisas, não só porque podia parecer totó por me divertir em festas com os meus cotas, mas também porque realmente conseguia encontrar outras coisas mais “giras” para fazer.
Hoje em dia não me parece que achasse lá muita piada a estas festas. Não me vejo a mascarar e a beber coca-cola numa garagem ou adega e muito menos a dançar: oh meu amigo charlie, oh meu amigo charlie brown…. Bom, agora que falo nisso….não sei....
Mas tenho saudades dos cheiros. Ok, provavelmente não será tanto do cheiro a mofo ou mesmo das “grandiosas” festas, mas da altura, da fase da minha vida, do tempo que passou.

1 comentário:

Anónimo disse...

eu tenho muitas saudades das festas... e dos cheiros (claro que para mim mete sempre o cheiro, o creme e o atchim, que esta coisa de se guardar roupa:S)...

era tao bom ver que os grandes tambem brincavam e riam, e conseguiam sair daquela máscara chata que, excepção feita ao pipio que se estava sempre a rir, todo os dias punham.

claro que a brincadeira com a amiga mais maluca também agradava...

Mas o bom mesmo continuava a ser vestir-me na pele de outrem... como a minha vida sempre me pareceu muito despida de conteúdo e como os outros sempre me pareceram ter tanto para dar, vestir-lhes a pele era (e é) uma honra!


agora so tenho pena de nao ter visto a carocas mascarada:(
eu bem tento, mas nao consigo chegar a todas as capelas:(
vou tentando.....

bajinhus!