27 fevereiro 2009

água

bebo água para me limpar, para chover por dentro. água lava, leva tudo. água leve, lava, limpa. por dentro limpa. para depois aparecer o sol. Com sorte ainda vejo o arco-íris. ou o da velha. um arco. acho que já não era mau. Nada mau. água. doce. salgada. água leve, lava, limpa, leva tudo.

23 fevereiro 2009

é carnaval...

ainda é carnaval. Mas na sexta-feira passada as escolas aqui da zona desfilaram pelas ruas. A miúda queria ir quando foi anunciado. No dia, a vontade já não era muita, e o facto de ter que ir de cara pintada à palhaço para a escola também não ajudou. Eu percebo: a timidez é tramada.
O resultado destas andanças aos 4 anos, faz com que seja fácil encontrar o meu palhaço no meio de cabeleiras de cor e caras pintadas: era a do nariz grande, com uma cara de zangada, de timidez, frete e de desafio:

Carolina Espanhola

Queria ser espanhola, e eu fiz-lhe a vontade. Uma máscara a puxar para a piroseira a meu ver. Vontade da menina, vontade feita. Afinal o Carnaval é dela....


Mas de manhã, com o pai a arranjar, nem sempre é fácil. E pela segunda vez na vida o homem faz um rabo-de-cavalo numa menina que odeia elásticos de cabelo...e esse homem e essa menina têm ainda que terminar a máscara com uma mantilha da minha bisavó e uma travessa da papelaria ali da esquina. Dá este resultado:



Uma espanhola (chateada) a sentir a crise ibérica:


18 fevereiro 2009

Neste tempo de sossego

e descanso, redescobri várias coisas que me tinha esquecido. A terra onde vivi tanto tempo. A importância das pessoas, da (na) minha vida. Sentimentos perdidos e escondidos na rotina. E a vontade. A vontade de mudar, de voltar a ser um bocadinho eu. Às vezes esquecemo-nos de nós, perdidos nos problemas que nem o são. O que fazer para o jantar, o que a miúda vai vestir, estender a roupa, a lista do supermercado, vacinar o cão. E a renda, e o carro, e o cabelo. Será que tenho olheiras?
Às vezes preciso de abanões. Ando a aplanar na vida tantas vezes...cai não cai. Caí? Afinal, não, hoje não. Volto a aplanar. Volto. E mais uma vez dou-me uma oportunidade. Queria só um bocadinho de mundo longe das responsabilidades (das contas, da educação, do meu trabalho, do trabalho dos outros, das contas dos outros, da educação dos outros). Será que parece mal eu tirar esta hora para dormir? Será que parece mal? Será que aterrei? Sendo certo que já não peço para voar, pelo menos conseguir planar...

01 fevereiro 2009