11 agosto 2006

Hinos...

No meio das conquistas, de disputas de fronteiras, imposições de crenças ou religiões, terrorismos e guerras, vem-me à memória a música batida:

Os Hinos

Os hinos são frutos perversos
crescendo no ramo dos versos
roubando o vento e a luz à folha
os hinos cegam quem os olha

Adoradores de sangue, sempre
os hinos bebem quem os cumpre
quantos sentidos tem a palavra
que o hino tomou por escrava

Beijou-me bem, matou-se a esmo
e o hino é sempre o mesmo
sempre o mesmo
beijou-me forte, matou-se feio
e o hino sempre de permeio

Choro por mim aos pés da forca
e o hino fala-me da dor que há
maior que a minha, melhor que a vida
e a morte vem despercebida

E se houver quem desta paz se farte
irmãos, irmãos, hinos à parte
lá vêm músicos, lá vêm letristas
divulgarão novas conquistas

Beijou-me bem, matou-se a esmo
e o hino é sempre o mesmo
sempre o mesmo
beijou-me forte, matou-se feio
e o hino sempre de permeio

Se cada igreja tem o seu sinos
e cada patria tem o seu hino
que fazem dentro das sepulturas
versos e sons e partituras?

Épicos de todo o mundo, uni-vos
fazei dos hinos pregões vivos
fazei dos hinos perdões aceites
em cama onde não durmas não te deites

Beijou-me bem, matou-se a esmo
e o hino é sempre o mesmo
sempre o mesmo
beijou-me forte, matou-se feio
e o hino sempre de permeio

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