10 fevereiro 2010

Brincos de princesa

eram aqueles que ela sonhava desde sempre. Eram aqueles brincos que quando era miúda pensava que as princesas tinham. Eram eles. Finalmente tinha-os na mão. Os brincos oferecidos por ele. Sempre ele. A vida toda. Um embrulho encarnado com florezinhas miúdas, um laço rosa. A caixa da Ourivesaria da rua de baixo. Abrir devagar. E eles surgem com um sorriso largo. Os brincos de princesa. Gostaste? Muito, diz ela. Eram estes os brincos. Posso sair com eles. Os meus brincos de princesa. Tudo para seres feliz. Vou já sair com eles e mostrar a todos. Os meus brincos de princesa. Desculpa a demora, disse ele. Foi o tempo suficiente para os encontrares, remata ela. Uma vida a sonhar com eles e neste dia de aniversário, o presente. Finalmente ia ser princesa para o resto da vida. Colocou os brincos e sorriu. Ele deu-lhe a mão trémula e amparou-a na rampa do lar que ia dar ao jardim. Os meus brincos de princesa vão iluminar o fim de tarde debaixo da oliveira. Parece que voltei à idade em que os vi pela primeira vez, disse ela. Ainda nem 20 anos tinha, pois não? Claro que não! Tinhas 13 e já passaram alguns anos. Diz ele. Quantos? Quarenta? Cinquenta? Setenta, afirma ele. E ela: foi o tempo suficiente para os encontrares, os meus brincos de princesa.

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