14 setembro 2005

Pai e Mãe, Mãe e Pai

Às vezes tenho inveja das mães que leio nos babyblogs.
São mães dedicadas, mães cansadas, mas mães dedicadas. Hoje, num desses blogs li algo, e pensei: a minha filha nunca me vai fazer isto.
A mãe em questão tem 2 filhas e uma vida cheia: trabalho, estudos, casa e afins. É sempre ela que adormece as 2 filhas. Mas naquela noite teve que dar uma atenção especial a uma das filhas e o pai adormeceu a outra. Segundo a mãe, foi muito rápido a adormecer a menina. No dia a seguir, quando a filha estava a acordar, a mãe repara que a filha estava abraçada a um casaco da mãe. O pai comentou que ela tinha adormecido agarrada ao tal casaco. E assim dormiu a noite toda.
Eu acho que isto nunca me vai acontecer. Ainda não sei se digo com mágoa ou não.
Acho eu que as tarefas devem ser divididas. Os bebés têm que estabelecer também uma relação com o pai. Mas lá em casa, devido a inúmeras razões, sinto que a minha filha me foi “roubada”. Sou sempre eu que lhe dou o jantar, mas antes disso é o pai que lha dá o banho. E nessa rotina eu não me meto, a pedido do pai. Segundo ele é o momento deles. Eu achava bem quando estava a ser mãe a tempo inteiro.
A seguir ao jantar é a hora de a adormecer. O pai encarrega-se disso enquanto eu faço o nosso jantar. E tantas noites fico sentada à mesa da cozinha sozinha, e a pensar: vou lá eu. Ele janta e vou lá eu. Mas não, que a desperto e depois é pior....
E fico. À noite aterro tantas vezes no sofá. E é o pai que a ouve à meia-noite para tomar o biberão. Ele acorda-me, eu dou-lhe o biberão a dormir. O pai fica com ela para adormecer na sala, eu vou-me deitar. Nos últimos dias, o pai vê-me tão zombi que diz: vai-te deitar que eu dou-lhe o biberão. E eu vou.
A meio da noite é ele que salta primeiro (tantas vezes eu penso, ela vira-se e adormece, mas quando vejo, já lá está o pai).
No fim-de-semana eu vou de manhã às compras o pai fica com ela, muitas vezes acaba por lhe dar o almoço porque eu me atraso. Quando volto está na hora de fazer o nosso almoço, o pai adormece a menina.
Tudo isto são rotinas que foram criadas quando eu estava em casa e muito cansada. E aproveitava todos os bocadinhos para o pai e a filha construírem a tal relação próxima. E lá o fizeram. Tanto assim é, que quando há conversas com a minha mãe sobre a minha filha, das manhas, dos miminhos e da forma melhor de a adormecer....eu digo que sim, mas não sei como é. Há tanto tempo que não a adormeço, que não sei como é. E tanto assim é que ela comigo barafusta sempre. Eu sou a das brincadeiras. Acho que tenho o papel de pai, e ele de mãe.
Tanta gente, tantas vezes me vem dizer, que sorte, ele é impecável com a filha. É um pai galinha. Faz tudo por ela. Até te tira a menina e adormece-a .
Nos dias de semana estou com a minha filha quando lhe dou o jantar e quando o pai vai passear o cão.
E tantas vezes eu penso: que boa mãe dá este pai......
E que pai ausente é esta mãe.

2 comentários:

Anónimo disse...

tudo na vida tem solução a partir do momento em que passa a ser um problema de que se tem consciência...
identificaste algo que para ti é um problema, identificaste muitas das causas... a tarefa agora é simples... sabes a tua posição actual e sabes a posição que gostarias de ter... é só fazeres por lá chegar...gradualmente vais conhecê-la melhor que toda a gente e vais ser especial como tanto desejas ser... (digo eu, que não percebo nada de bébés)

MF disse...

O pai da Carolina acha-me uma exagerada, mas que diabo...se é assim que me sinto porque não dizê-lo?
este post foi o início da mudança...

Já te disse que faz falta o blog?

Bjs