22 agosto 2005

Deus Finalmente Parte II

Com o coração nas mãos e muito longe do peito, correu pela praia. A areia fina, aguda, picava os pés frios.
O sol alto, massacrava a testa.
Ofegante desviava-se de bolas, de gelados, de crianças que mastigavam areia. Barrigas, bigodes e fios de ouro apareciam à sua frente, enormes barreiras, infinitos e eternos obstáculos. Ao longe, o som dos carros, o cheiro a tubo de escape. E só ela não escapava...
Ouvia vozes, ouvia comentários, porém não os decifrava. Sabia que falavam dela, que olhavam para ela.
Mas isso sempre soube. Falavam dela desde sempre. Mulheres e homens, umas invejavam o cabelo, a boca, o corpo, a vida; outros queriam o cabelo, a boca, o corpo e porque não, também a vida.
Era a imagem da perfeição desde pequena, era a imagem que todas queriam ter no espelho, era quem eles queriam ter ao lado, era, era, era.
E ela?
Não era nada. Para ela não queria nada. Não tinha nada. Só o coração nas mãos. Velho, cansado, triste, apagado. O peito doía, ardia, sangrava, morria. E o coração a saltar, a escorregar.
Empurrou dois colchões, saltou por duas bóias e correu para o mar sujo. Finalmente, Felizmente! pensou. A cegueira das vozes, o silêncio dos olhares. Finalmente o encontro tão desejado e pensado. Finalmente!
E caminhava para o mar, para dentro dela, para longe dos outros. As vozes cada vez a comentarem mais, e cada vez mais distantes. O coração a saltar, agora sim, a Viver. Desapareceu no mar.
A-DEUS, disse.
A-DEUS.........lá chegarás!

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas que textos tão deprimentes que esta dor tem.
É uma mulher com dor, esta moça.
E as cores?
Mas de qualquer maneira, para quando o livro?
Há aqui coisas de qualidade...outras não passam de poemas vulgares que uma adolescente com dor de corno escreveria....
Mas há outros que gosto muito! Faz-te à estrada e mostra aos editores!!!!
Eu a criticar sou bom. Por isso digo-te: gosto muito desta prosa poética, mas mulher, não tentes rimar que não te safas!

O Crítico
PS- vou voltar a criticar