03 agosto 2005

Dois em Um

De visita a um blog amigo encontrei um texto sobre a caminhada de alguém para sair da droga. Vida de dor essa. Essa vida fez-me recordar que há tantas outras vidas sem futuro, sem cor (provavelmente estão à espera de uma mão, ou de uma porta, ou de alguém...) dois textos que apesar de não parecer também se cruzam (com as dores e as cores).


Nem todas as vidas se cruzam como as nossas.

Vidas descruzadas, vidas sem encontros
Vidas desmanteladas, vidas sem amor
Vidas desencontradas, vidas sem rumo

Vidas afuniladas para abismos
Vidas encaminhadas por outros
Vidas desenganadas da sorte

Vidas desestruturadas
Vidas maniatadas
Vidas desencantadas

Vidas que não rodopiam, mas se enrolam
Vidas que se desunem do amor
Vidas que choram pelo prazer

São vidas dispares das nossas
São vidas ao contrário das nossas
São vidas vizinhas das nossas

E tantas vidas, tantas vezes
Nos são indiferentes
E tantas vidas, tantas vezes
Tocam nas nossas

E todas estas vidas
As nossas vidas
As outras vidas
Caminham juntas para a morte

(Lisboa, 5 de Maio de 2005)


Espera

Tanto tempo que espero
Tanto tempo que tenho a vida parada
À espera de um caminho
À espera de nada

Tanto tempo fechado numa gaveta por abrir
Tanto tempo sem horas para medir
À espera de um carinho
À espera de sorrir

Todo este tempo perdido
Esperando por ti
Esperando por mim

Todo este tempo perdido
Não o vou recuperar
Perdi as cores
As vozes
Os sorrisos

Perdi-me a mim e alguém para amar.

(Lisboa, 3 de Agosto de 05)

1 comentário:

Anónimo disse...

semi-parafraseando o outro... na vida nada se perde, tudo se transforma! mesmo o medo da mudança, do diferente, daquilo que não é nosso costume, pode ser transformado... depende em muito de nós conseguir trasnformá-lo a nosso proveito.... achas que consegues?