01 agosto 2005

A propósito do 25 de Abril e a propósito das cores e dores da minha vida

Os cravos já não brilham, amor

Os cravos já não brilham
Ficaram opacos
Eram vermelhos, lembras-te?
Ficaram cinzentos

Não chegaram a murchar
Mudaram de cor
Não chegaram a morrer
Ficaram tristes

Dizem que é normal
Dizem que é a evolução
Dizem que é natural
Dizem que é amadurecer

Passou ainda tão pouco tempo
E já há tanto esquecimento
Passou ainda tão pouco tempo
E já há tanta indiferença

A vida passa, corre
Dizem alguns.
E ficam parados a vê-la acontecer
Quando sequer a avistam!

E vão passar mais anos, amor
E vão passar mais pessoas, amor
E vamos olhar para os cravos
E quem sabe se, um dia, voltam a avermelhar

Com(o) o sangue
Com(o) o amor
Com(o) a paixão
Com(o) a vontade de colorir e mudar as nossas vidas


Lisboa, 5 de Maio de 2005

3 comentários:

Anónimo disse...

Adorei este poema.
Acho espetacular.
Aguardo com ansiedade novos versos.

Anónimo disse...

e pensar que sou eu que te ensino tuuudo da vida.....
kórgulho!

rita, a mána

Anónimo disse...

Olá Rita
És uma poetisa de mão cheia e mente perspicaz. Uma bela analise do estado actual de Portugal com base na maior virada de página que esse belo país deu nos ultimos tempos. Eles podem ter perdido a cor e a vivacidade sim mas ainda são a grande referencia para a tua analise. Esses cravos te deram o direito a ter direito...até mesmo o de escrever sobre eles.
Beijão prima