12 agosto 2005

A Mana

A mana nasceu e roubou-me o trono. Confesso que me deu algum jeito porque ela entretinha as pessoas e eu podia ficar, qual bicho-do-mato na minha toca, com os meus óculos a ler livros de aventuras.
A mana foi crescendo e aprendendo as coisas básicas da vida: sim senhora, eu empresto as coisas, desde que me peças antes. Brincos, camisolas e essas coisas novas podem ser emprestadas, mas antes tem que ser a proprietária a estrear.
Quando estava a crescer, a mana foi mostrando aquilo que era capaz: sem saber ler nem escrever, mete pires por baixo de uma santa que brilha no escuro, e pede para ser eu a escrever o papel: ajude a santinha. Parece que ainda rendeu. A mana foi aprendendo que isto de religião e dinheiro anda muito de mão dada. E pequena, lá ia pedindo uma moedinha para o Santo António, em Junho, Julho...Agosto. Esta parte não fazia as delícias da mãe.
A mãe também não gostava que todas as mesas dos cafés fossem corridas pela criança a pedir moedas para tirar bolas das máquinas. A mãe também ficava envergonhada quando, no Algarve, a mana pedia a uma alemã para a pôr a fazer chichi, ou no bar exigia mais um gelado empoleirada em cima de uma cadeira, deixando sem reacção os empregados.A mana tinha as suas coisas. Mais tarde, já sabia escrever, e aí, os actos tornaram-se mais expeditos. Ora dia em que não há escola, é dia de mala aviada. E nuns dias passados na santa terrinha, descobre um gato. Resolveu chamar-lhe flufi, penso que por ser um nome sonoro, estrangeiro, cumpria o objectivo: fazer um clube do gato. Ora bem, nesse caso é necessário angariar sócios. Recorre-se dos familiares e amigos. E claro faz-se cartões com fotografias tipo passe. Que isto não é só pagar as quotas há que ter alguma retribuição. A revista editada com uma periodicidade desconhecida também é uma mais-valia para os sócios. É claro que o gato como veio, também foi à vida dele. Mas o clube mantinha a sua presença viva!
Enfim, a mana, de muitas andanças, não é só uma criança com olho para o negócio (ainda estou à espera que agora em adulta ponha em prática os MBAS tirados na infância) a mana cantava, organizava “bandas” infantis, tendo como mentores os “onda-choc” ou os “mini-stars”.

Mas a mana foi crescendo, foi descobrindo que a vida é feita de muitas cores, mas também de algumas dores. Muitas dessas, ficaram escondidas disfarçadas para ninguém as achar. Eu acho que sei algumas, mesmo as dores mudas...outras nem as sonho. E com uma mana destas mais nova e toda luz e cor, só se pode aproveitar. Tantas vezes que a mais velha passa a ser ela. É ela quem me manda sair dos meus “grandes” dramas. É ela que me mostra muitas vezes que “toda a gente é assim”. A mana tem muitos amigos, deve ser por isso. Chama-os à terra, e por isso cultiva-os. Daí que lhe possam sair da cabeça cores azuis...e roxas (claro).

A mana tem muito que se lhe diga. Esta foi só uma pincelada. Até porque há uma menina que gosta muito dela. E essa menina vai seguir a pisadas da “tita”....até porque a mana deu-lhe um piano para pisar........com muita música para dançar!!!

7 comentários:

Anónimo disse...

buuuuuuuuuuuuuuuuuuuuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

:D
:D
:D
:D
:D
:D
:D
:D

Anónimo disse...

Agora a sério... queria deixar esta para a miúda mais gira (não, não é a bloguista!), que por acaso era pa ter sido oferecida num tal dia 25 de julho de 2004, na companhia de 1 vela feita de propósito para o efeito, mas que (mais uma vez) acabou por não ser....
quem não tem alma de poeta faz playback dos outros!



Todos vieram
ver a menina
ao primeiro gomo de tangerina
menina atenta
não experimenta
sem primeiro
saber do cheiro
o sabor dos lábios
gestos sábios

Fruta esquisita
menina aflita
ao primeiro gomo de tangerina
amarga e doce
como se fosse
essa hora
em que chora
e depois dobra o riso
e assim faz seu juízo

Sumo na vida
é o que eu te desejo
um beijo um beijo

Ah, que se lembre
sempre a menina
do primeiro gomo de tangerina
p'la vida dentro
é esse o centro
da parcela da vitamina
que a faz crescer sempre menina

A terra é grande
é pequenina
do tamanho apenas da tangerina
quem mata e morra
nunca percorre
os caminhos do que há de melhor
nesse sumo
a vida, gomo a gomo

Sumo na vida
é o que eu te desejo
rumo na vida
um beijo
um beijo

****

Anónimo disse...

Não obstante (esta foi a mana que ensinou!), havia outra vela na calha... esta para a outra que andava com os suores e que quase não passava pela porta..... Bom, a acompanhar a vela estavam 2 em dúvida... Hoje escolho esta, noutro dia, logo digo qual é a outra (que tu já deves calcular..)
não sei porquê, o autor não varia assim muito.....

Espalhem a notícia
do mistério da delícia
desse ventre
espalhem a notícia do que é quente
e se parece
com o que é firme e com o que é vago
esse ventre que eu afago
que eu bebia de um só trago
se pudesse

Divulguem o encanto
o ventre de que canto
que hoje toco
a pele onde à tardinha desemboco
tão cansado
esse ventre vagabundo
que foi rente e foi fecundo
que eu bebia até ao fundo
saciado

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher bonita

A terra tremeu ontem
não mais do que anteontem
pressenti-o
o ventre de que falo como um rio
transbordou
e o tremor que anunciava
era fogo e era lava
era a terra que abalava
no que sou

Depois de entre os escombros
ergueram-se dois ombros
num murmúrio
e o sol, como é costume, foi um augúrio
de bonança
sãos e salvos, felizmente
e como o riso vem ao ventre
assim veio de repente
uma criança

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher

Falei-vos desse ventre
quem quiser que acrescente
da sua lavra
que a bom entendedor meia palavra
basta, é só
adivinhar o que há mais
os segredos dos locais
que no fundo são iguais
em todos nós

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo do mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher



(de ressalvar que é O autor que vai ao fundo e não sei quê... e não A "signatária", queu não quero cá badalhoquices encestais!
:-D
*****

MF disse...

E Pronto quem agora chora sou eu

:D

Das Dores

Anónimo disse...

pronto, como diria o amigo eddie... "And he still gives his love, he just gives it away
The love he receives is the love that is saved..."
somos und pós outros, love de um lado pó outro...ele está saved algures e com backups e td.... às vezes nao procuramos bem, outras a chave anda mesmo arisca.... mas que está saved, está mesmo! tomai-o lá de volta!

Anónimo disse...

Parabens mana da mana Rita...fizeste-me sorrir muito...a mana Rita é especial :)

Ricardo Passos disse...

Sente-se a mana, nas palavras da mana. Fui lendo, fui sorrindo, fui sentindo, a mana.
Ser mana é mesmo isso, é saber das cores e das dores, porque só cores, ou só dores, é ser apenas irmã.

Beijos para as manas (a do cabelo emaranhado e a do "Avé Maria de escolher prontus, o nosso Pai não é Jesus, cumpro sempre os meus horários...".

Do primo casado com a prima, que é prima da prima, que é mãe da mana e da mana.